30 novembro 2008

ELEIÇÕES CONSTITUINTES 1975

Por ter falado anteriormente em organizações da extrema-esquerda radical marxista-leninista, vale a pena recordar as primeiras eleições democráticas realizadas a 25 de Abril de 1975, para a eleição da Assembleia Constituinte. O boletim de voto que se vê acima, correspondente ao círculo eleitoral de Lisboa, está repleto delas: a FEC (M-L), a FSP, a LCI, o MES e a UDP. Mas falta ao boletim um dos doze partidos concorrentes àquelas eleições: o PUP, que não se apresentou por aquele que era o maior círculo eleitoral, o da capital.
Nunca me apercebi da razão para que o tal PUP (Partido de Unidade Popular) tivesse feito tal coisa, que era um total disparate conhecendo-se o funcionamento aritmético do método eleitoral adoptado, o de Hondt, que aumentava as possibilidades dos pequenos partidos elegerem deputados precisamente nos maiores círculos eleitorais. Foi aliás precisamente pelo círculo de Lisboa que a UDP elegeu nessas eleições o seu deputado, apesar de ter recebido menos votos à escala nacional que os rivais FSP e MES
Só a partir daí, e apenas por essa razão circunstancial, é que a UDP se veio a afirmar definitivamente como a organização mais importante da, até aí, extremamente concorrida extrema-esquerda portuguesa. Quanto ao PUP, mais ingénuos que os concorrentes, só mesmo os eleitores, onde mesmo assim se vieram a descobrir 13.000 que se mostraram dispostos a votar numa formação que se mostrava muito mais forte na argumentação ideológica do que na capacidade de fazer cálculos aritméticos simples…

3 comentários:

  1. Caro A.Teixeira:

    estou desolado consigo.

    Você conseguiu, num assomo provocatório imperdoável, deixar de fora a AOC.

    A AOC faz parte integrante da minha vida, quando, ainda pequeno, assisti a uma intervenção da líder da AOC na televisão, a berrar aos saltos na cadeira, numatransmissão de propaganda eleitoral, que, "cada deputado da AOC, será uma espinha cravada na garganta do Cunhal".

    A partir dessa data, mesmo pequeno, notei que o meu sentido de humor em relação à política tinha sofrido um salto epistemológico e quântico de proporções cósmicas...

    Quem faz uma intervenção daquele calibre e daquela maneira deixa traumas de memória em quem quer que tenha visto...

    Tenho que agradecer à senhora -camponesa-proletária-urbana-líder da AOC, que a fez, porque me permitiu conhecer uma das fontes de inspiração dos Monthy pithon ainda antes de serem transmitidos em Portugal.

    Bem haja, minha senhora e muito obrigado.

    E, lançando já um rumor e uma teoria da conspiração, penso que deveria ser feita uma autópsia ao senhor Alvoro Cunhal especialmente à zona da garganta do senhor.

    A morte dele foi muito suspeita, e tenho razões para suspeitar que a AOC e as espinhas terão tido algo a ver com o assunto.

    Investigue-se já, sob pena de deixar cair o país no caos e na desordem.
    Isto é Camarate 2!

    Exijo, pois, a sua retratação ,caro A.Teixeira, dando devido destaque através de um post ou 50 à AOC, essa recordação de infância que perdura até hoje, indelével no meu espírito...

    E agora vou embora que tenho que ir ver Monthy pithon...

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  2. Alguns destes marchistas não chegaram a Junho, porque senão tinham desfilado na Avenida e no Pavilhão Carlos Lopes.

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  3. Dissidente, a AOC, tal como o MRPP e o PDC não foram autorizados a concorrer às eleições de 1975.

    A campanha de que fala, dessa antecessora longínqua em voz da Júlia Pinheiro e em estilo da Manuela Moura Guedes (antes de ficar com aquelas bochechas à Joker), é das eleições de 1976.

    Registe-se que não se cravou nenhuma espinha na garganta do Cunhal mas que houve 16.000 maduros dispostos a votar para que ela fosse cravada...

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