01 fevereiro 2006

SHOCKING? MAYBE NOT

É muito frequente, quando se estuda o período da monarquia constitucional portuguesa do Século XIX, ler referências depreciativas à forma de funcionamento do sistema eleitoral e da rotatividade dos partidos no poder.

Elegendo como comparação o modelo britânico, explica-se que, entre nós e ao contrário daquele modelo, eram os ministérios que entravam em colapso, que depois era substituído por um outro do partido adverso que, organizando as eleições seguintes, se legitimava pelo resultado que nelas vinha a obter.

Embora quem venha a conhecer a história efectiva do parlamento britânico no Século XIX se aperceba que ela não é assim tão cristalina quanto é invocada para realçar o desmerecimento da nossa, o silogismo de só eleições novas gerarem governo novo fica-nos como referência da verdadeira democracia e da prática britânica. Até agora.
No reino de sua majestade, já se tinham anunciado prenúncios, com o desmoronar súbito por corrosão interior do governo de Margaret Tatcher, que o antigo sistema português afinal não fosse tão mau e se revelasse talvez até demasiado adiantado para a sua época.

Depois de Tatcher há mais de uma década, foi agora com Tony Blair que se repetiram ontem, na Câmara dos Comuns, incidentes a que uma máquina experimentada por anos e anos de poder devia estar imune: o governo tornou a perder duas votações, embora em assuntos de alcance menor. A repetição de um acontecimento que já havia acontecido há cerca de um mês.

Desta vez, terá de haver cabeças a rolar e rapidamente. A fragilidade que estes acontecimentos produzem no governo trabalhista permitem que se produza todo o tipo de especulações, a menor das quais é a de que dentro do partido haja quem esteja a minar o governo para que ele entre rapidamente em colapso. Um cenário pouco sport e pouco próprio daquelas paragens. Ou afinal nem por isso?

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