
O Mundo ficou a saber que Professor Peter A. Diamond é um dos
três galardoados com o Prémio Nobel da Economia de 2010 (acima) e, subitamente, tornou-se um absurdo descobrir que o recém-galardoado aguarda há uns meses que
a sua nomeação para se tornar num dos Governadores da Reserva Federal norte-americana seja confirmada pelo Senado… A proeza (
que bem arrependido agora deve estar dela…) é de um Senador republicano eleito pelo Alabama chamado
Richard Shelby, que acabou de adquirir uma brusca notoriedade
à Bernardino Soares, quando se relembrou a opinião que emitiu há cerca de dois meses sobre Peter Diamond: era um
«economista qualificado» mas que podia não estar devidamente
habilitado para tomar decisões sobre política monetária…

Eu bem sei como são
raras e
preciosas as ocasiões em que um imbecil é exposto assim de uma forma tão flagrante (abaixo relembra-se a inesquecível cena de
Annie Hall em que
Marshall McLuhan se
materializa para concordar com Woody Allen durante a discussão com o pretensioso opinador que perorava atrás de si na fila…), mas o tema para reflexão deste meu
poste é o facto de, como se comprova por este episódio que narrei, o Prémio Nobel parece ter-se tornado numa fonte de autoridade científica incontroversa. Talvez demasiado incontroversa. Entre a sucessão de notícias que todos os princípios de Outono se repetem anunciando a bateria de galardoados nas diversas disciplinas, raros são os casos em que se explicam os detalhes sobre o processo de escolha dos premiados.
Por exemplo, ao referir-se que os Prémios receberam o nome em homenagem a Alfred Nobel que legou em testamento a sua fortuna a uma Fundação que os atribuiria, não se costumam referir
os outros pormenores mais confusos da redacção do testamento. Numa única folha de papel, Nobel escreveu que os juros resultantes da aplicação da sua fortuna deveriam ser distribuídos anualmente
entre aqueles que no ano precedente tivessem realizado os maiores benefícios para a Humanidade. E mais adiante especificava que haveria cinco prémios – Literatura, trabalhos dedicados a assegurar a Paz Mundial, e
descobertas nos campos da Física, Medicina ou Fisiologia e Química. Mas foram os
executores testamentários que tiveram que concretizar estas vagas instruções.

Foi uma tarefa complexa: Nobel morreu em 1896 mas os primeiros Prémios com o seu nome só foram atribuídos em 1901, iniciando assim um processo que veio acumulando prestígio nos 110 anos seguintes. Mas que também mostrou algumas limitações. Aqui no
blogue já escrevi sobre a
distribuição desequilibrada dos laureados com o Prémio da Literatura ou sobre
o carácter politicamente controverso de alguns distinguidos com o Prémio da Paz. Mas também os Prémios das categorias tidas por
científicas terão os seus problemas. Já aqui escrevi sobre uma
provável asneira numa atribuição do Prémio da Física de 1917 pela
descoberta de uns raios J que mais ninguém encontrou. O que nos leva ao tópico do que pode ser escrutinável sobre a atribuição dos Prémios Nobel.
Se eu estivesse no Júri proporia o Herdeiro Aécio para o Prémio Nobel da Literatura - já que o Churchill não deveria lever a mal.
ResponderEliminarO que posso dizer é que, enquanto a Maria do Sol me "estraga" com sorrisos (e conselhos...), o João Moutinho me estraga com elogios.
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