
Copiando Nuno Rogeiro que, quando a gostos musicais, só conseguia recomendar
cds de folclore
uzbeque ou
uigur ou então intérpretes de jazz que, há uns noventa anos atrás, haviam sido momentaneamente muito populares, mas
apenas num dos bairros de Nova Orleães e não em toda a cidade, a minha série de TV deste
poste também é
exótica e recôndita e na eventualidade de alguém se dispuser a querer vê-la em
dvd terá de a comprar (como eu)
através da Amazon, porque sei que ela não foi traduzida para português e nunca a encontrei à venda em lojas como a
FNAC.
House of Cards foi uma mini-série da
BBC de quatro episódios que passou aqui na RTP em 1991 ou 1992. Embora se trate de uma obra de ficção, o tema central da série é bem real e de cunho político: as disputas dentro do Partido Conservador pela sucessão de Margaret Thatcher. A série ganhou uma apreciável popularidade na Grã-Bretanha por se ter dado a coincidência de ter sido originalmente emitida precisamente quando Margaret Thatcher abandonou o cargo de Primeira-Ministra, em Novembro de 1990. Com
Yes, Prime-Minister, trata-se de uma das minhas séries políticas favoritas.

Contudo, neste caso não se trata de uma série de humor, mas antes de uma trama de evidente inspiração shakespeareana, a que a excelente interpretação do actor
Ian Richardson no papel do malévolo e maquiavélico
Francis Urquhart (acima) dá um carisma adicional. É a ele que se deve a frase identificativa da série, que ainda hoje é usada de forma irónica na política britânica:
You may very well think that; I couldn't possibly comment (abaixo), que, numa tradução mais livre e adaptada à ênfase das palavras seria
Pode muito bem estar a pensar nisso, mas eu é que não posso comentar.
O carácter especificamente britânico da acção retira-lhe parte da popularidade de que poderia gozar internacionalmente, não possuindo o benefício do efeito cómico de uma série como
Yes, Prime-Minister. Todavia, a actividade política costuma ser muito semelhante em todo o lado e tem sido um prazer ter estado a rever a série, ainda para mais quando a ocasião coincide com este período da nossa campanha eleitoral onde as
peripécias sórdidas da série nos ajudam a observar as
vicissitudes de campanha – como este recente
Caso Manuela Moura Guedes – com o verdadeiro distanciamento que merecem…
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