10 agosto 2008

¡¡ARRIBA EL BENFICA!!

As massas associativas costumam ser de uma perspicácia e memória idênticas às de um rebanho de ovelhas mas acredito que ainda haverá por aí alguns benfiquistas que se lembram dos saudosos tempos da presidência de João Vale e Azevedo, quando a sua equipa de futebol era treinada por um senhor escocês chamado Graeme Souness. Entre outras virtudes* o senhor era um descalabro de relações públicas ao recusar-se a falar uma palavra de português que fosse, sendo a dificuldade contornada pelo prestimoso Martim Cabral (esse mesmo, o da SIC Notícias...), sempre disposto a traduzir de e para Souness nos momentos solenes.
Pois suspeito que, como no ditado, aqueles que esquecem o passado estão destinados a repeti-lo… Mudemos o idioma de inglês para castelhano e a proveniência correspondente dos jogadores de reforço e tudo parece estar a repetir-se porque, ao contrário de Camacho, que sempre se esforçou por falar num portunhol embora arrepiante, este tal de Quique Flores nem lições de língua portuguesa parece estar a receber… E a manada (de jornalistas) escuta-o impávida e serena sem se insurgir – a TVI até passa as declarações do treinador do Benfica sem legendas, que o bom portuguesinho sempre se desenrascou a perceber o espanhol
Claro que a função principal de Flores é a de estar ali para explicar aos outros como hão-de jogar à bola e não declamar poesia de Pessoa... Mas estes sinais, como outrora aconteceu com Sauness, normalmente não enganam, porque costumam ser os sintomas da desorganização que grassa dentro do clube. Por acaso e circunstancialmente os resultados desportivos poderão não ser afectados mas, num campeonato, que é uma prova de regularidade, é praticamente impossível impedir as suas consequências. Com a vantagem para o presidente que, nesta época, Luís Filipe Vieira até tem um Rui Costa atrás do qual se irá certamente esconder

Enfim será para a outra época (2009-10), espero que dessa vez no idioma certo...

* Quem não se lembra dessas verdadeiras lendas do Benfica que davam pelos nomes de Brian Deane, Dean Saunders, Gary Charles, Mark Pembridge, Michael Thomas, Scott Minto ou Steve Harkness?

6 comentários:

  1. Brian Deane até não era mau jogador. Mas não sei se se poderá considerar a falha do português um grande obstáculo (ou sequer comparar Flores e a sua equipa a Souness e os seus trambolhos). Bobby robson, em 4 anos de Portugal, aprendeu meia dúzia de vocábulos e nem por isso se deu mal.

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  2. El Benfica era o do Camacho!
    Este é o Sport Ibéria e Benfica, o que é diferente...

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  3. Só para lhe dizer que aprecio demais (assim mesmo, com o exagero do "brasileirês") a expressão "massas associativas". Então no plural! Começando tão bem assim o resto, depois, até se percebe melhor. Está tudo a condizer. Tudo! E, não sendo eu adepta do "maior clube português", lamento que esteja!
    :)

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  4. Haverá umas boas dúzias de outros exemplos de treinadores cujas equipas alcançaram o título e que não se dignavam falar a língua local, João Pedro, e isso aconteceu em todas as equipas, lembro-lhe o romeno Lazlo Boloni no Sporting. Esses exemplos aumentarão até, quanto mais se recuar no tempo, que o emprego corrente da palavra “Mister” entre os jogadores de futebol portugueses terá uma causa mais do que provável…

    Agora, não me recordo que Robson ou Boloni, conjuntamente com o facto de não falarem a língua local, se tenham esforçado para “trazer a família lá da terra” para jogar no clube onde treinavam. É esta conjunção de factores, e o que eles costumam indiciar, que aconselharia a “afficion” benfiquista, a moderar seriamente as suas expectativas para a próxima época.

    Mas isto sou apenas eu a pensar alto, no meio do arrepio que me causa o treinador do Benfica a dar conferências de imprensa em castelhano, com a desenvoltura do facto natural e sem que ninguém o interpele por isso…

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  5. Para falar mal o português já lá está o presidente, uma espécie de Sousa Cintra com bigode.
    Cá por mim prefiro que ele fale em bom futebolês: "Nosotros vamos a gañar" e ganhe.

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  6. O problema é que os «panholos» chegados à Catedral da Luz já não são pagos em promessas (moeda extinta).
    Será, possivelmente, necessário arranjar uns eurositos, mas o grande gestor Orelhas descobrirá ou já descobriu a solução:

    «Chamem a Polícia, eu, o grande Orelhas, não pago. Quem vier a seguir que se lixe.»

    F. Faria de Castro

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