28 novembro 2007

A GLOBALIZAÇÃO NÃO TÃO INEXORÁVEL…


O Imperador romano Vespasiano disse, em certa altura, ao seu filho e sucessor Tito, que o dinheiro não tinha cheiro. Mas não tendo cheiro, tem nacionalidade, problema que não se punha durante o período romano, quando o Império abrangia quase todo o mundo civilizado que se conhecia. E assim continua, que a globalização que se costuma proclamar inexorável tem percursos de um nacionalismo confesso.

Hoje, quando saiu uma notícia de congratulação porque se aliviou a pressão sobre a fábrica da Volkswagen em Portugal (Auto-Europa) que afinal está destinada a produzir Pólos, conjuntamente com a fábrica espanhola de Pamplona, há que não esquecer a coacção a que todas as fábricas da Europa ocidental estão sujeitas, comparando os seus indicadores de rentabilidade com os da fábricas da Europa de Leste…

Mas, não é apenas Palmela a ver-se debaixo de fogo. Também a fábrica da Volkswagen em Bruxelas (Forest) se viu debaixo da coacção de encerramento e relocalização num país da Europa da Leste, não tivesse sido aceite pelos sindicatos um plano de reestruturação em Fevereiro deste ano que colocou a unidade a produzir Audis. Em qualquer dos casos parece que os indicadores de produtividade e rentabilidade são inexoráveis…

Será? Não deixa de ser curiosa a coincidência de que as unidades fabris da Volkswagen na Alemanha raramente se vejam em circunstâncias semelhantes, de reestruturações e reduções de pessoal sob a ameaça de encerramento. Mas, pelos vistos, é da marca, que nem todas as fábricas alemãs são assim tão produtivas… É que ali também há fábricas de que encerram, mas essas são as da Opel, pertencentes ao grupo da General Motors, onde o capital é norte-americano…

Globalizar, deslocalizar, mas devagar…

5 comentários:

  1. Talvez o Herdeiro possa confirmar se foi, de facto, Vespasiano que mandou fazer aqueles antigos urinóis públicos em chapa de ferro.

    Em francês (e diz-se que por essa razão) esses urinóis tinham o nome de "vespasiennes".

    É verdade.

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  2. Talvez o dinheiro não tivesse cheiro, mas das "vespasianas" já outro tanto não se poderia dizer...

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  3. Vespasiano tornou-se um Imperador associado à urina porque a conversa que precedeu a citação que usei estava relacionada com isso: o dinheiro que não tinha cheiro era o de uma nova receita do tesouro obtida com os urinóis públicos que Vespasiano havia recentemente criado.

    Vale a pena esclarecer que, na Antiguidade, a urina era um subproduto utilizado no desengorduramento e curtição de peles, portanto com valor industrial, e havia quem estivesse interessado em pagar para que fosse recolhida.

    Por causa dessa controvérsia, a associação de Vespasiano aos urinóis públicos estendeu-se a vários locais do Império, onde parece ter perdurado.

    Pelo menos, foi assim que li.

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  4. Nada se perde...pouco se cria... tudo se transforma em sestércios.

    Se tiver um neto vou propor que seja Vespasiano. Joli nom!

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  5. Por gostar do nome Vespasiano, deixe-me dizer que a minha apreciação positiva pelo seu desempenho na História até "sobreviveu" à leitura de uma biografia do mais maçudo que há, da autoria de uma historiadora britânica que, sendo muito competente na parte técnica, tem um estilo de escrita do mais bisonho que alguma vez encontrei.

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