30 agosto 2007

SISSENHOR... SISSENHOR…

A história de enquadramento é mais antiga, tem onze anos, data dos Jogos Olímpicos de Atlanta de 1996 onde, como de costume, os políticos gostam de aparecer associados às vitórias dos atletas portugueses – às medalhas de ouro*. A daquele ano foi ganha por Fernanda Ribeiro nos 10 000 metros e o governo de António Guterres, embora de férias mas cioso de fazer as coisas de forma muito mais humana do que os de Cavaco, lá despachou Jorge Coelho (na altura ministro adjunto) para felicitar pessoalmente a nova campeã à aldeia olímpica em Atlanta.
Possivelmente a equipa da RTP ter-se-á atrasado, e quando chegou, já se estava na fase do convívio que se seguiria à cerimónia, conforme nos explicava a locução da reportagem. Como será de imaginar o convívio é que não parecia nada animado com ministro, comitiva e atletas com ares infelizes e desconfortáveis sem saber que dizer uns aos outros. Mas, ao ver o microfone e a câmara ameaçadores da RTP, Coelho mostrou todas as suas habilidades, ao romper o silêncio embaraçoso, afivelando um sorriso amarelo, e lançando para o ar uns sissenhor… sissenhor… para dar som à coisa. Foi ridículo!
A lição que dali se podia extrair é que nem sempre vale a pena aparecer na televisão… Uma lição que podia ter aproveitado a Luís Marques Mendes com a sua visita recente ao Museu Nacional de Arte Antiga onde fez uma figura deplorável ao passear-se como um iniciado tentando acompanhar as certezas explicadas pela directora em fim de mandato. É que se tornava patente que Marques Mendes não se preparara, não percebia um boi do assunto, concordava sempre com a directora e concluiu a visita com um discurso mais do que previsível. Felizmente não mata…
* A propósito, a quem aproveitaria uma mensagem de ânimo e confiança do presidente e do primeiro-ministro seria a Naide Gomes, que viu as suas hipóteses de uma classificação no pódio esfumarem-se num ápice no final da sua prova. Não sei se alguma mensagem lhe foi enviada, mas pelo menos não foi noticiada. Era bom para os dois lados: dava ânimo à atleta e outra autoridade moral aos que parecem que só aparecem nos sucessos…

2 comentários:

  1. Naide e Obikwelo só interessam quando ganham.
    As câmaras, os holofotes e os microfones só acompanham os vencedores.
    Dos vencidos não rezam as crónicas...

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  2. Só no pontapénabola é que sabemos quem joga onde e em que condições.
    No restante, só depois de trazerem um medalha.
    E os dois atletas referidos têm mostrado um acrescido valor humano.

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