30 agosto 2007

ROMA S.A.


A ideia essencial de Roma S.A. é brilhante: contar a história da construção do estado romano desde a fundação da cidade em 753 a.C. mas empregando os conceitos modernos empregues na gestão das grandes empresas actuais. A ideia é explicar a evolução de Roma e as causas do seu sucesso em terminologia de gestão. O autor é Stanley Bing, o pseudónimo de um vice-presidente da CBS norte-americana. A publicidade da capa informa-nos que o livro foi eleito o Best Business Book 2006 por uma revista do meio (Strategy + Business) e a publicidade da promoção considera Bing o autor de culto da classe executiva.

Passe o exagero, é muito provável que o livro seja um razoável sucesso editorial, bastante vendido. Mas, parecendo-me daqueles livros que causa sempre boa impressão informar os colegas que se anda a ler, creio que será bastante menos lido (e ainda menos terminado…) do que aquilo que os indicadores de vendas possam sugerir. Isso, porque o livro é uma caricatura de uma história de Roma, onde o autor para contar a sua versão da história de maneira irónica não tem tempo de a contar na sua versão clássica. Ora a maioria dos leitores nunca conheceu ou já não se lembra da versão canónica…

Suponho que é preciso uma formação média/superior robusta para ainda ter presente os contornos (mesmo que genéricos) dos episódios de Rómulo e de Remo e da fundação de Roma, do rapto das sabinas, das guerras púnicas e de Aníbal, ou das guerras civis entre Mário e Sila e depois da entre César e Pompeu… Sem eles, o humor que se pode extrair do livro é parecido com aquele que nos faz rir de caricaturas de pessoas que não conhecemos pessoalmente… E não é tudo: para um leitor europeu existe o problema dos gestores de topo mencionados no livro serem todos norte-americanos, alguns deles desconhecidos…

Enfim, com todos os ingredientes para ser um daqueles livros de sucesso social (Já leu? Muito giro!), destinado a repousar gloriosamente na estante para enfeitar, por terminar ou terminado a custo. Apenas um pormenor final. Na minha opinião, o autor passa quase completamente ao lado do que seria o período mais adequado para o estabelecimento de paralelos entre os conceitos da moderna gestão empresarial e a história romana: o período imperial. Aí é que se podiam traçar paralelos entre a capacidade de mudança de uma grande e pesada instituição como o império e as multinacionais actuais, quando se defrontam com grandes transformações exógenas…

Suponho ter sido uma boa aposta editorial mas, por tudo o que ficou escrito, fraco no conteúdo.

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