21 julho 2006

O CÃO QUE MORDEU O HOMEM E OUTROS TÍTULOS DE SEXTA-FEIRA NO PÚBLICO

O que as Sextas-Feiras têm de bom na perspectiva informativa consiste em ser o dia de saída dessa referência da informação chamada Inimigo Público o que, por sua vez, já levantei aqui essa suspeita, obriga a maiores esforços imaginativos de quem se encarrega de escolher as capas do Público original.

Hoje, para contra atacar um portentoso título que anuncia que brevemente irá estar disponível uma gasolina de 48 e 45 octanas para pobres o outro jornal recorre a um outro, mais pobrezinho, que dando conta que a ministra da educação não convenceu os deputados da oposição. As razões para o destaque na inserção deste último título são incompreensíveis.

Julgo estar hoje completamente difundido e ser canónico o exemplo que a notícia não é o cão morder o homem mas sim o homem morder o cão. Já ouvi a frase a Guterres e Nuno Markl, para mal dos nossos pecados, fez dela um modo de vida. Por isso, não percebo qual será a relevância noticiosa daquele título sobre a actuação da ministra da educação.

Quando todos sabemos como são preparadas as cenografias dos debates teria sido uma completa anormalidade algum deputado da oposição sair dali confessando a ministra convenceu-me ou a ministra declarar, por sua vez, tenho que reconhecer que me espalhei ao decidir repetir as provas. O que se passou ontem na Assembleia da República foi de uma banalidade de página interior. Tirando a agitação de Luísa Mesquita que precisa visivelmente que alguém lhe receite uns ansiolíticos.

Eu só perceberia que se desse um grande destaque a uma peça de teatro se ela fugisse ao autor e surpreendesse verdadeiramente a assistência, tipo Romeiro do Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett acabou mesmo por revelar a sua identidade. Ou no caso de que estamos a falar umas garrafais: MINISTRA DA EDUCAÇÃO CONVENCEU DEPUTADOS DA OPOSIÇÃO.

3 comentários:

  1. Estes "posts" começam a rivalizar com o próprio "Inimigo Público"!

    ResponderEliminar
  2. Pouco ou nada há a fazer ou a esperar deste nosso novo mundo mediático em que a informação séria, rigorosa, objectiva, criteriosa e fundamentada é sentida como chata e obsoleta.
    O que importa é o impacte de títulos gordos, chocantes, capazes de encher o olho e fazer salivar o leitor que faz um compasso de espera em frente ao quiosque.
    É o mesmo método carnavalesco dos anúncios publicitários que são (quase sistematicamente) precedidos de graçola pueril ou de alusão que se quer erótica.
    Só me preocupa a ansiedade em que vivem os nossos heróis do Mundial que mal dormem em férias (merecidas) sem saberem se vão ou não pagar IRS sobre os prémios(merecidos).
    Entretanto, morreu Ta Mok o "carniceiros" khmer vermelho que depôs Pol Pot e que tinha (?) na consciência a morte de cerca de dois milhões de pessoas, no Cambodja.
    Que título jeitoso se poderia arranjar para o homem?

    Finalmente, deu-lhe o "tamok"?

    A morte deu-lhe "kamoka" ?

    ResponderEliminar
  3. Como título teria escolhido:
    "Ministra da Educação não mordeu deputados da Oposição".
    O cão ficava cá com uma inveja!!!

    ResponderEliminar