25 novembro 2022

JORNALISMO DE MEMÓRIA DE PASSARINHO PARA UMA CLIENTELA COM IGUAL «CAPACIDADE DE RETENÇÃO»

No passado dia 13 de Novembro celebrou-se mais uma vez no Reino Unido o tradicional Dia da Memória (Remembrance Day), dia evocativo do fim da Primeira Guerra Mundial, ocasião em que se celebra uma cerimónia à qual é imperativo comparecer todo o Who's who da classe política britânica, e isso inclui não apenas os que estão, mas também aqueles que já foram, nomeadamente os antigos primeiros ministros, que normalmente desaparecem das atenções mediáticas depois de abandonarem o cargo. Costuma ser uma oportunidade para os rever todos juntos. Todavia, o ritmo acelerado como a política britânica tem funcionado nos últimos tempos, multiplicou essa segunda fila de eminentes e o jornalismo mais sensacionalista não perdeu a oportunidade de enfatizar esse assunto, como se vê no exemplo acima. Mas, como se vê, esse registo apela a uma memória muito limitada dos leitores: dez semanas. Foi o tempo que envolveu a saída de Boris Johnson, a passagem meteórica pelo cargo de Liz Truss e a mais recente tomada de posse de Rishi Sunak. Se mudarmos ligeiramente o ângulo como a fotografia é tomada (abaixo), o número de primeiros-ministros conservadores sobre para cinco, com a inclusão de David Cameron (1), Theresa May (2) ao elenco já citado (Boris Jonhson (3), Liz Truss (4) e Rishi Sunak (5). Estes cinco representam os primeiros-ministros do Reino Unido neste últimos 76 meses (ou seja, menos de 6 anos e meio), depois da realização do referendo do Brexit, e representam um encadeado de insucessos quanto à forma como lidar com a consequência da saída do Reino Unido da União Europeia. Olhando para aquela fila de trás (onde já não caberão outros antigos primeiros ministros como John Major, Tony Blair e Gordon Brown) teria valido mais a pena abordar o problema nessa perspectiva mais aprofundada... para quem já se tenha esquecido do verdadeiro problema do país.

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