27 outubro 2017

O(S) «BEATLE(S)» RECEBE(M) UMA CONDECORAÇÃO (2)

Apercebi-me que, ao postar ontem a evocação da condecoração dos Beatles de há 52 anos, se me cingisse à cerimónia se perderia o melhor da história das condecorações dos Beatles, porque houve gestos significativos que só vieram a ocorrer muitos anos depois daquele dia. Assim, John Lennon e a sua muito publicitada devolução da condecoração recebida da rainha só veio a ocorrer quatro anos depois, em Novembro de 1969. A carta que acompanhou o gesto, demonstrando mais atitude que consistência, era um misto de chalaça forçada e de superficialidade involuntária, dando como razões para a devolução da condecoração o «envolvimento britânico naquela coisa da Nigéria e do Biafra», «o nosso apoio à América no Vietname» (quando o governo trabalhista britânico de Harold Wilson fazia tudo o que lhe era possível para se distanciar do conflito...) e «a queda de Cold Turkey (o primeiro disco a solo de Lennon) nas tabelas de vendas».

O desinteresse manifestado por John Lennon em relação a tais formas de reconhecimento não era acompanhado pelos restantes membros da banda. Em Março de 1997, Paul McCartney (mas só ele) foi elevado à categoria de cavaleiro (vídeo acima). Quando, em 1999, George Harrison foi sondado para receber uma outra condecoração, este recusou-a, alegadamente ao aperceber-se que seria de uma categoria inferior à que havia sido atribuída ao seu antigo companheiro. O facto só veio a ser conhecido muito anos depois da morte de George Harrison. Contudo, pelo panorama da atribuição de condecorações britânicas nas últimas décadas e apesar da discrição do visado, especula-se que a mesma recusa terá sido manifestada pelo último membro da banda, Ringo Starr. Quanto a Paul McCartney ninguém o pára, até mesmo no estrangeiro, a França concedeu-lhe em 2012 a Legião de Honra (abaixo) e já em Junho deste ano foi elevado ao estatuto de Companheiro de Honra.

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