15 agosto 2014

A DIALÉCTICA DA PROCRIAÇÃO

Não teve filhos. Primeiro porque podia a todo o momento ter de passar à clandestinidade, depois porque não houve tempo. Completou no mês passado 70 anos…

Transcrito da entrevista que Ruben de Carvalho dá hoje ao Expresso. Acentue-se que o entrevistado exerce os seus direitos às mais amplas liberdades democráticas quando decidiu não ter filhos e nem precisa de se justificar por isso. O que seria escusado é associar as vicissitudes de uma vida de militante comunista a essa decisão. Primeiro porque aqueles cenários de ter de passar à clandestinidade deixaram de se pôr com o 25 de Abril de 74, contava na época Ruben de Carvalho apenas 30 anos, e depois porque há que contar os que se seguiram: passaram-se 40 anos sem ter tido tempo para os ter. Hoje, em dias de crise de natalidade, pode tornar-se politicamente incorrecto assumir certas opções, mas chateia-me ler estes recursos à dialéctica para as disfarçar.

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