Começo por agradecer o comentário deixado pelo Tárique na caixa de comentários do poste anterior, chamando a atenção, a propósito da fase épica da Corrida Espacial, para a compleição enfezada de Yuri Gagarin e dos seus camaradas* do programa espacial soviético, um pormenor que vejo raramente mencionado. Como ali respondi, isso percebe-se porque o perfil dos que eram seleccionados pelos responsáveis do programa soviético era algo distinto do perfil do futuro astronauta que se seleccionava no programa norte-americano.

Há uma diferença filosófica profunda em causa: entre os americanos era o material que se adaptava aos homens, mas entre os soviéticos seleccionavam-se os homens que se adaptassem ao material… Era por isso que, no Exército Vermelho, tradicionalmente eram os recrutas mais pequenos os escolhidos para serem incorporados nos blindados, porque o espaço disponível lá dentro não era assim muito confortável, como o descobriram, surpreendidos, alguns exércitos estrangeiros quando receberam blindados soviéticos pela primeira vez…

Aliás, a classe a que pertence o cruzador Moskva (3 navios russos e um outro cedido à Ucrânia), tem sido normalmente utilizada pela Rússia para apresentações em visitas ao exterior, como o fez entre nós, onde o seu aspecto (as suas dimensões e a multiplicidade dos sensores e do armamento) costuma criar uma impressão muito favorável. No entanto, apesar dos três da classe (Moskva, Marshal Ustinov e Varyag) estarem nominalmente ao serviço, até há muito pouco tempo só um deles – por escala – é que se apresentava em condições operacionais.

*Nota: A primeira fotografia inclui os 6 cosmonautas soviéticos que foram inicialmente seleccionados. Muito menos conhecidos do que os 7 astronautas do programa Mercury, temos, na primeira fila e da esquerda para a direita, Nikolayev e Gagarin, ao centro o patrão do programa espacial soviético, Korolev e dois dos seus assessores, Karpov e Nikitin. Atrás, os restantes 4 cosmonautas: Popovich, Nelyubov, Titov e Bykovsky.
é outra teoria minha. o comunismo não é ditatorial, foi é implantado em países de tradição ditatorial, que continuaram a seguir velhos hábitos. mesmo a queda do regime manteve a rússia a autocracia que sempre foi.
ResponderEliminarA sua teoria será plausível, mas nem sempre será verdadeira.
ResponderEliminarVeja-se que países com tradições mais democráticas como a Checoslováquia e a Hungria tiveram que se tornar países "socialistas" por imposição alheia (soviética).
Por outro lado, o nazismo - um estilo de poder totalitário muito aparentado ao comunismo, por muito que os comunistas não gostem da comparação - despontou num país como a Alemanha, com tradição de obediência mas, por isso mesmo, sem tradição ditatorial.
Sim, mas esses países foram ditaduras por imposição da sempre imperialista rússia, com tanques de combate e tudo. A Alemanha mostra outra coisa, quanto a mim. É fácil cair de uma tradição democrática para a ditadura mais brutal, mas sem costumes democrático - isso nunca houve na rússia ou na china - dificulta-se muito o caminho inverso. A Alemanha voltou à democracia após o período nazi, tal como a Checoslováquia e a Hungria. Já a rússia não voltou a coisa nenhuma.
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