08 abril 2007

A MELHOR PRANCHA DE BD

Considero-me um leitor e apreciador de BD suficientemente assíduo e antigo para poder eleger com alguma propriedade aquela que considero a melhor prancha que tive oportunidade de ler. Trata-se da prancha 14 do álbum O Presente de César, o 21º da famosa série de aventuras de Astérix, da autoria de Goscinny e Uderzo. A prancha em questão tem dez desenhos e começa com a inauguração de uma nova estalagem na aldeia, propriedade de Ortopedix e sua mulher, Angina, que haviam sido enganados num mau negócio com um ex-legionário romano, a quem César pregara uma partida, doando-lhe a famosa aldeia gaulesa.

O que a prancha possui de extraordinário é que recorrendo apenas aqueles escassos dez desenhos consegue transmitir a disposição ambiente, descrevendo a evolução do humor de três parelhas simultaneamente: Ortopedix e o chefe Abraracourcix, que haviam simpatizado instintivamente um com o outro, as respectivas mulheres, Angina e Caralinda, que, pelo contrário, antipatizaram mortalmente uma com a outra, numa disputa feroz pelas importâncias dos seus maridos e os indispensáveis Cetautomatix (o ferreiro) e Ordralalfabétix (o peixeiro), discutindo o sempre eterno problema do cheiro a peixe, com as consequências do costume…

No canto inferior direito (clicar em cima da imagem para a aumentar), em previsão do que será o teor da próxima prancha, ainda há espaço para vermos um Ortopedix anunciando e servindo uma apaziguadora - mas já muito tardia... - rodada geral enquanto um enorme peixe voador arremessado por um indeterminado se lhe dirige directamente para a cara…

2 comentários:

  1. Meu caro, estás (estamos...) desactualizados. Nas novas edições dos livros de Asterix, Abraracourcix passou a Matasetix. Assurancetorix agora é Cacofonix, e por aí adiante. Não consegui entender ainda as vantagens de tal ataque às nossas memórias, mas enfim...

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  2. Rantas, na falta de uma explicação que eu considere (e, pelos vistos, tu consideres) satisfatória para essa substituição dos nomes do elenco da aldeia gaulesa, creio que será natural que a nossa geração adopte uma atitude que classificarei “de aldeia gaulesa”, a de quem resiste ainda e sempre ao invasor (neste caso ao disparate…) como se lê (lia?) na página frontal de qualquer álbum de Astérix: “Estamos no ano 50 antes de Jesus
    Cristo. Toda a Gália está ocupada pelos romanos. Toda?...”

    Para disparate crasso já basta o “cow-boy solitário” que passou a mascar pauzinhos por causa do problema do cancro de pulmão que incomodava os habitantes do faroeste…

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