12 de Agosto de 1963. Na primeira página de um vespertino lisboeta podia ler-se destacada esta pequena notícia, anunciando que a comunicação do «sr. Presidente do Conselho» (António Salazar) fora «transferida para as 22 horas», sendo transmitida directamente pela Rádio e pela Televisão. Não se dúvida da importância de um discurso que o chefe de governo decidira endereçar ao país, mas o que os jornalistas ainda não saberiam garantidamente no momento em que o jornal saiu para a rua era qual o tema sobre o qual Salazar iria falar - política ultramarina - nem, sobretudo, a duração da sua alocução - cerca de uma hora e meia(!) - conforme se pode comprovar pelo vídeo com a gravação do discurso mais abaixo. Imaginar a esta distância de 60 anos o período nobre do serão (22H00 - 23H30) totalmente dedicado ao discurso monocórdico(...) de Salazar é conduzir-nos a um outro tempo e a uma coreografia da comunicação política que hoje é incompreensível. Mas, nem tudo era mau... A parte boa é que não tínhamos depois o Ricardo Costa - ou um seu equivalente - a explicar-nos o que é ele tinha compreendido do discurso de Salazar...
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