02 dezembro 2017

RECORDANDO QUE O FACCIOSISMO JORNALÍSTICO NÃO COMEÇOU COM O OBSERVADOR

2 de Dezembro de 1979. Há precisamente 38 anos tinham lugar as únicas eleições legislativas intercalares da história deste regime. Ganhou-as a AD, a Aliança Democrática, que era uma coligação dos partidos da direita (PSD, CDS e PPM). Mas ganhou-as mesmo: a AD ficou com a maioria absoluta da representação parlamentar da Assembleia eleita naquele acto eleitoral (128 deputados em 250). Mas não é das eleições que aqui quero falar, é da campanha eleitoral precedente, e recuperar o teor dos artigos que uma jornalista encarregada de acompanhar uma das formações concorrentes (precisamente a AD que saiu vencedora) foi escrevendo consecutivamente para o seu jornal, o Diário de Lisboa. O Diário de Lisboa era um vespertino conotado como muito próximo dos comunistas e as simpatias da jornalista em questão, Fernanda Mestrinho, não deviam andar muito longe dessa conotação. E isso faz-se sentir no resultado do seu trabalho, aqui sintetizado em títulos de uma parcialidade que é mais do que evidente. A dinâmica de popularidade (acima é a fotografia do comício de Faro) que levou a AD ao poder passou-lhe completamente ao lado, mas também ela nem parece estar à procura de a ver. Quando hoje apreciamos os engajamentos (noutras convicções) de jornalistas mais nov(o)as, casos de Helena Matos ou Fernanda Câncio, há que tomar em conta o quanto existe de há muito uma tradição instalada de indulgência para com a falta de objectividade na informação política em Portugal.

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