27 dezembro 2017

O CENTENÁRIO DA NACIONALIZAÇÃO DE TODA A BANCA RUSSA

«No interesse de uma organização adequada da economia nacional, a erradicação decisiva da especulação bancária e a emancipação completa dos trabalhadores, camponeses e de toda a população oprimida pela exploração do capital bancário, com o objectivo de criar um só Banco do Estado unificado para toda a República da Rússia que deverá servir os interesses do povo e das classes mais pobres, o Comité Central Executivo decreta que:
1) A actividade bancária é considerada um monopólio do Estado.
2) Todos os estabelecimentos bancários existentes são absorvidos pelo Banco do Estado.
3) Os activos e responsabilidades dos bancos absorvidos serão assumidos pelo Banco do Estado.
4) O detalhe do processo da fusão dos bancos privados com o Benco do Estado será regulamentado por um decreto especial.
5) A administração temporária dos bancos privados será confiada ao Conselho do Banco do Estado.
6) Os interesses dos pequenos depositantes serão totalmente protegidos

27 de Dezembro de 1917. Os bolcheviques, chegados ao poder ainda não há dois meses, procedem à nacionalização dos 18 bancos então existentes na Rússia. Para se avaliar da importância atribuída a esta iniciativa (longínqua predecessora e inspiradora das nacionalizações portuguesas de 14 de Março de 1975), realce-se que ela teve lugar apenas doze dias depois da nova Rússia revolucionária ter assinado um armistício com os Impérios Centrais que, para efeitos práticos, a excluía da Primeira Guerra Mundial. Curiosos tempos esses em que se introduzia uma nova prática política que nos queria fazer crer que as nacionalizações seriam a solução estandardizada para todos os problemas económicos e sociais. Nestes cem anos que entretanto decorreram, tivemos o privilégio de assistir não apenas à ascensão dessa tese como a uma posterior reviravolta de 180º e à ascensão de outras práticas políticas que nos quiseram induzir a acreditar que, pelo contrário, as privatizações é que eram a solução estandardizada para todos os problemas. A controvérsia parece sair de agenda. Em História, o tempo costuma demonstrar como todos os exageros tendem a mostrar-se... exagerados.

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