25 agosto 2017

SOBRE O COLÉGIO MILITAR E A MODÉSTIA REPUBLICANA

Quis o acaso que tivesse encontrado esquecidas na rede duas fotografias de uma ignorada romagem de saudade de antigos alunos do Colégio Militar. As fotografias têm uma data - 8 de Novembro de 1938, ou seja, há quase 79 anos! - e também uma legenda: tratar-se-ia do curso de saída do ano lectivo de 1887/88. Comemorar-se-á portanto o cinquentenário dessa saída. O que o arquivista já não terá conseguido fazer foi identificar os doze antigos alunos. Ora eu penso ter conseguido assinalar um deles, aquele que aparece nas duas fotografias marcado pelas pequenas setas azuis. Curiosamente e como alguém me observou, é o único que, em qualquer das fotos, não olha directamente para a objectiva. A pessoa em causa identificar-se-á porque era uma pessoa mediática, mesmo para aquele tempo: trata-se do general António Óscar de Fragoso Carmona, antigo aluno 24/1882. É o Presidente da República que ali aparece trajando civilmente numa visita de carácter pessoal onde, se atentarem, os seus antigos camaradas nem destaque lhe deram na mesa do refeitório!
Trata-se de um contraste gritante com a proeminência que, na actualidade e às vezes, tenho assistido a ser conferida a certos antigos alunos (se calhar, malgrado eles...) à custa do Colégio Militar que frequentaram. Como o mostra privilegiadamente Óscar Carmona, a relação de um antigo aluno com a instituição é uma questão do foro pessoal, não deve ser para ser aproveitada por Causas e outros movimentos políticos. E é ainda pior quando esse aproveitamento subverte uma deontologia de igualdade e remete para uma tradição que, como as fotos acima o demonstram à evidência, jamais existiu.

Sem comentários:

Enviar um comentário