16 fevereiro 2017

RECAPITULANDO...

Quem o escreveu não foram fontes facciosas e suspeitas como a Geringonça: a Comissão parlamentar de inquérito à Caixa Geral de Depósitos tomou posse já há sete meses e iria debruçar-se sobre a gestão do banco público desde 2000, sob a presidência do deputado do PSD José Matos Correia. Mas tem sido notório que, em vez dos extensos dezasseis anos de gestão que se propusera originalmente analisar, o âmbito da investigação da comissão se tem focado (ou, pelo menos, tem sido aí que se concentra a atenção mediática) no que aconteceu nos últimos seis meses de 2016 e nos pormenores (reconhecidamente obscuros) da contratação de uma equipa administrativa para o banco que, entretanto, já deixou de estar em funções. Ou seja, a condução dos trabalhos da comissão tem derivado e deixado muito a desejar. Felizmente, quiçá constatando a sua impotência em travar essa deriva, o presidente José Matos Correia apresentou hoje a sua demissão acusando a maioria de esquerda de tentativa sistemática de esvaziar o objecto da comissão. Ou seja, mesmo deixando para lá o reconhecimento do pormenor de que os outros conseguem ainda e sempre bloquear os intuitos dos legítimos vencedores das eleições de 2015, fica-se a saber de uma cabala onde PS, BE e PC impedem que se descubra o que as sucessivas administrações da CGD do século XXI andaram a fazer de errado a ponto de fragilizar a estrutura financeira da instituição. Parece algo transversal ao espectro político, com exclusão (evidentemente) de Matos Correia (e do PSD). E, para quem duvide, esclarece ainda (e sempre) o fiável Observador: «O deputado do PSD fez questão de destacar que, na origem da demissão, “não está saber se os SMS trocados entre António Domingues e Mário Centeno” devem ou não ser divulgados, mas as estratégias “anti-democráticas” dos partidos de esquerda na comissão a que presidiu. Matos Correia explicou ainda que sempre orientou o seu trabalho parlamentar “por princípios” e “não por conveniências” (...)». Grande Matos Correia! Aí está um homem vertical! Para quem acreditar nestas suas palavras...

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