24 maio 2015

OS DEFEITOS DO SISTEMA ELEITORAL BRITÂNICO E AS VANTAGENS DE OUTROS

Por coincidência, no mesmo dia (Sábado, 23 de Maio), Expresso e Público publicaram nas suas páginas artigos de autores de esquerda radical, Agostinho Lopes no primeiro caso, Manuel Loff no segundo, onde, na sequência das eleições britânicas deste mês, procedem a análises bastante críticas das distorções do sistema eleitoral ali vigente. Concordo com muito do que escreveram (embora lá se leiam também alguns erros primários de análise), já aqui havia expresso as minhas críticas neste blogue, vai para 5 anos, quando fiz um estudo concreto das consequências da aplicação do sistema uninominal ao caso português onde concluí que as distorções que por cá ocasionaria poderiam chegar a tornar-se politicamente absurdas. E também aqui me referi (leia-se a nota deste poste) a um fenómeno muito semelhante ao ocorrido a 7 de Maio passado, mas em 1983, quando da recondução no poder de Margaret Thatcher. Agora, o que eu estranhei - e muito - em qualquer dos dois textos, foi um desinteresse de ambos em aproveitarem a ocasião para, além da crítica, serem prosélitos sobre as vantagens comparativas dos sistemas eleitorais em vigor naqueles países que se sabe mais acarinhados ideologicamente por qualquer um deles.
A Agostinho Lopes e a Manuel Loff não terá decerto passado desapercebido o tremendo sucesso constituído pelas eleições municipais cubanas que tiveram lugar há pouco mais de um mês (19 de Abril) e estranho como lhes terá escapado como isso seria um exemplo de peso na sua argumentação do que constituiria um sistema eleitoral sem os defeitos do sistema uninominal britânico apresentados por Loff (É representativo um sistema desta natureza? Pergunta ele - E é democrático?) e por Lopes (...um tal sistema (...) assegura a continuidade, põe (...) as forças dominantes a seguro de sobressaltos eleitorais.). Ora em Cuba, o sistema deve ser representativo, deve ser democrático e as forças dominantes – o Partido Comunista de Cuba - estão sempre sujeitas a reviravoltas eleitorais inesperadas... Ainda não aconteceu em 56 anos porque o povo deve ser muito feliz: o mês passado, 90,5% dos eleitores votaram nos candidatos governamentais. Isso sim, serão virtudes de um óptimo sistema eleitoral. Agora a sério: acham que é caso para levar aqueles dois a sério?
«Monstruosidade Democrática» – para recuperar a expressão usada por Agostinho Lopes no título do seu artigo – não será muito mais o facto de ter sido a primeira vez em 56 anos que em Cuba se apresentaram dois candidatos(!!!!!!) da oposição? Ou como quem diz: sobre Democracia a sério, o que é que eles têm para ensinar aos outros?... 

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