19 maio 2015

«HE TOOK THE MONEY AND STAYED»

Logo nas cenas iniciais de Take the Money and Run (um comédia de 1969 realizada e protagonizada por Woody Allen e que foi por cá dado o título de O Inimigo Público), enquanto se descreve retrospectivamente a infância do criminoso Virgil B. Starkwell (o próprio Woody Allen), aparece o depoimento daquele que fora o seu primeiro agente responsável pela sua liberdade condicional, o Sr. T. S. Foster (acima), uma figura experimentada, condescendente, mas sobretudo lúcida (o seu depoimento pode ser visto neste vídeo, a partir dos 6:20) que, ao descrevê-lo, me fez pensar numa outra pessoa, mas não de ficção:
 
- He was a trustworthy kind of person. I mean, we had to remember some idiosyncrasies that he had… (Era uma pessoa confiável. Quer dizer, tínhamos que levar em conta algumas das suas idiossincrasias…)
- Like what? (Tais como?)
- Well, aaah…, like not always telling the truth… He didn’t always tell the truth. Sometimes aaah, he exaggerated the truth… Sometimes, he… just plainly lied. He does have a criminal record, yes, but does not mean the boy was all bad… (Bom, aaah… como não dizer sempre a verdade… Nem sempre dizia a verdade. Havia vezes em que a exagerava um bom bocado. E outras vezes… chegava a mentir descaradamente. Ele tem cadastro mas isso não quer dizer que ele seja assim tão mau quanto isso...)

É que tenho estado a ver a discrepância entre o discurso pré-eleitoral e a prática pós-eleitoral de Passos Coelho a ser tratada com uma tal benevolência eufemística que só pode ser mesmo atitude de agentes de liberdade condicional...

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