19 setembro 2014

AINDA O REFERENDO DA ESCÓCIA (OS RESULTADOS)

Recolhendo dois milhões de votos e registando uma maioria confortável de 384 mil, a opção pela permanência no Reino Unido prevaleceu no referendo que ontem teve lugar na Escócia. Nos 32 círculos eleitorais em que o país foi desdobrado para efeitos de contagem dos votos, a opção vencedora ganhou em 28. Excepções foram o círculo que cobre a cidade de Glasgow e outros dois adjacentes (Glasgow é a maior cidade da Escócia) e ainda o da cidade de Dundee (veja-se o mapa acima). Em contrapartida, cidades como Edimburgo (a capital) e Aberdeen votaram substantivamente (61 e 59%, respectivamente) com a maioria. Mas, talvez mais importante do que os quatro grandes círculos urbanos, terá sido o resultado nas simbólicas Highlands dos clãs onde o Não também venceu, embora por uma margem consistente com o resultado nacional (53%).

5 comentários:

  1. Maioria de 384000? Hm... enfim... nao... maioria de 192000, ou va la 192001. E referendo com apenas duas respostas validas.
    Edimburgo e um importante campo de batalha perdido, mas Aberdeen nem por isso, bem como Dundee ja agora, sao councils com nao muita populacao.
    Importante e terem perdido em Fife, o terceiro maior council em populacao e com uma historia e perfil socio-economico semelhante a area metropolitana de Glasgow (classe trabalhadora media baixa fortemente punida pelos governos conservadores e em especialo anti-Thatcher).
    As derrotas na Higlands, Angus, Argyll and Bute ou Abeerdeenshire nao sao de estranhar porque sao areas rurais, muitos agricultores e velhotes, gente que nao gosta de grandes mudancas.
    Mas enfim... acabou-se... por agora. Perdeu-se uma oportunidade historica de fazer uma verdadeira revolucao.
    As promessas dos partidos unionistas feitas em cima do joelho sao de credibilidade extremamente duvidosa especialmente agora que ja la tem o nao no bolso.
    De resto olhe... o Cameron pode suspirar de alivio que nao tem de se demitir.
    O Alex Salmon e piossivel que se venha a demitir se bem que o resultado nao foi assim tao mau bem vistas as coisas e o Golias que tinham pela frente...
    Um outro referendo se seguira num futuro nao demasiado longiquo, entretanto as petro-libras continuarao a jorrar em direccao aos cofres de Westminster.
    E a vida.

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  2. So agora me dou conta que enquanto escrevia o comentario anterior o Salmond ja se tinha demitido ha coisa uma hora antes...
    Duvido imenso que a promessa de revisao constitucional e maiores poderes para a Escocia seja honrada. Os conservadores nao elegem deputados na Escocia (pronto elegem 1 em 51) e nao querem saber do territorio para alem dos recursos que proporciona. Os trabalhistas dependem dos deputados escoceses para formarem qulquer que seja a maioria parlamentar que formem num futuro governo. Os liberais democratas sao um nao partido depois de se terem coligado com os conservadores e terem renegado o seu manifesto eleitoral, em especial, na questao do aumento das propinas portanto, as promessas deles sao irrelevantes.
    Pior que isso, qualquer revisao constitucional teria de incluir os outros paises consituintes da Uniao, em especial Gales.
    Uma revisao contitucional com mais poderes e mais dinheiro a ficar na Escocia (a Escocia convem lembrar, e um contribuinte liquido para o orcamento desta Uniao, o pib per capita superior ao resto do UK - leia-se petroleo) nao e no interesse de ninguem e a Escocia ja votou nao.

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  3. Em eleições disputadas em terras britânicas não vejo outra forma de calcular maiorias senão o critério que os próprios sempre empregam nestas circunstâncias: a diferença entre a votação do vencedor e a do candidato que se classificou em segundo lugar. No caso, 2.002.000 - 1.618.000 = 384.000. Por essa classificação política, a Escócia e sobre o tema seria considerada um "safe seat", não uma "marginal constituency".

    Quanto ao resto, a sua análise vai muito para além da minha: os meus comentários centraram-se tão somente nos resultados das quatro maiores cidades escocesas: Glasgow, Edimburgo, Aberdeen e Dundee e no círculo eleitoral das Highlands, que será uma espécie de "bilhete postal" da Escócia para estrangeiros.

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    1. O facto de ser disputado em terras britanicas e irrelevante para a forma como os votos num referendo sim/nao se distribuem... aqui so ha "2 candidatos" logo usar a vantagem absoluta entre os 2 nao faz sentido. Um referendo nao e um sistema "first pass the post" mas sim um sistema de maioria absoluta.
      Ou se vota sim ou se vota nao (ou nao se vota de todo).
      Aos votadores do nao so havia uma alternativa valida de voto, votar sim. Portanto, ao sim teria "bastado" convencer 192001 votantes do nao para ganhar o referendo.
      Nao estou a ter em conta a abstencao por uma questao de simplificacao do raciocinio mas mesmo assim a vantagem andara muito mais proxima do 192000 do que dos 384000.
      A Escocia nao e um "safe seat".

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    2. Acho que está redondamente enganado nesta sua última explicação mas leio-o tão engajado a uma das partes e por isso tão convencido das suas razões que me dispenso de o tentar sequer refutar.

      Quanto a esse cenário hipotético que traça, em que teria bastado «convencer» 192.000 eleitores, remeteu-me para aqueles livros de História Virtual de Niall Ferguson (nem de propósito: um escocês que esteve pelo Não) que tiveram o seu zénite de sucesso mas que hoje já passaram de moda. Em virtualidades históricas hoje prefiro citar Paulo Bento em toda a sua crua grosseria: se a minha avó tivesse rodas, era um camião...

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