13 dezembro 2016

A PROPOSTA DE PAZ DE DEZEMBRO DE 1916

Há cem anos, o governo alemão tornava público um apelo seu para a realização de negociações de paz que pusessem fim à Primeira Guerra Mundial. A edição de 13 de Dezembro de 1916 do The New York Times destacava na sua primeira página a oferta protagonizada pelo chanceler Bethmann-Hollweg. Recorde-se que a iniciativa era assim publicitada na imprensa norte-americana porque na época os Estados Unidos eram um país (ainda) neutral. E que a manobra diplomática era também uma operação de relações públicas junto da opinião pública americana percebe-se pelo destaque e pela cautela como é descrita a reacção britânica ao gesto: mostrando-se cépticos, mas que iriam considerar a proposta. A redacção da nota alemã, vir-se-ia a descobrir, era porém de um conteúdo que mesmo nós, leigos, percebemos ter sido elaborada sem intenção de vingar. Nela lia-se, no início: os Poderes Centrais (...) «tendo dado provas do seu poder indestrutível com as suas vitórias consecutivas alcançadas no decorrer da guerra...». A antipatia deste preâmbulo destinar-se-ia, provavelmente, a sustentar a posição negocial dos alemães, que pretenderiam negociar as concessões territoriais a partir das conquistas que os seus exércitos já haviam realizado nos dois anos prévios do conflito (as áreas assinaladas a castanho no mapa abaixo), não do status quo ante bellum, como esperariam os seus adversários. Era uma base inaceitável para estes, especialmente franceses e russos, que tinham parte do seu território ocupado pelos exércitos alemães. No final do mês, a 30 de Dezembro de 1916 e numa manobra diplomática concertada, todos eles rejeitaram a proposta, qualificando-a de «não sincera e desprovida de conteúdo». A paz é um bem precioso e valerá sempre o esforço para a alcançar, as propostas para a alcançar é que nem sempre se revestem da seriedade correspondente.

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