18 agosto 2013

A ESQUERDA «CHIC» E A REVOLUÇÃO RUSSA

Acima temos a fotografia de Alexandr Rodchenko (1891-1956) em 1921, escassos anos depois da Revolução Russa, envergando um fato-macaco estilizado concebido por si mesmo, conforme o desenho do canto superior direito. Apreciado a quase um século de distância, aquilo que pelo espírito da época passaria por homenagem, quase se torna – para mais, com o cachimbo! – por alguém que parece estar a brincar aos proletários. Rodchenko era um artista moderno pelos padrões de então, aderente daquelas correntes de época cheias de ismos (como o suprematismo, o construtivismo ou o produtivismo) que abraçaram entusiasticamente a Revolução Russa naquela primeira fase em que ela precisou de ser necessariamente plural.

Mas, mesmo as biografias desinfectadas da história soviética (depois devidamente transpostas para a Wikipedia), não conseguem contornar os indícios de que Rodchenko tivera uma origem privilegiada. Por exemplo, nem tentam explicar como ele, com 22 anos, escapara à mobilização geral da Rússia quando da Primeira Guerra Mundial e conseguira continuar a estudar em Moscovo, algo que na Rússia imperial (e em todas as outras sociedades...) não estaria ao alcance de quem envergava fatos-macaco a sério para trabalhar. Valha a verdade que cerca de dez anos depois da fotografia acima ter sido tirada já Estaline disciplinara revolucionariamente a criatividade de Rodchenko e de outros como ele em prol exclusivo do realismo socialista

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