A organização para onde trabalha o Dr. Carrapatoso, a gigantesca Vodafone, apresentou os seus piores resultados de sempre, no exercício anual que terminou no passado 31 de Março: um prejuízo que se aproxima dos 32 mil milhões de euros.
Aparentemente, teria sido tanto pior para a rentabilização dos activos que aquele dirigente da Vodafone em Portugal tanto gosta de repetir, entre muitas outras buzzwords. Nota-se mesmo alguma volúpia, mesclada de algum despeito, na forma como o jornal francês Le Monde notícia o acontecimento.
No entanto, apesar de todas as considerações do Le Monde, sobre os erros da política expansionista prosseguida pela Vodafone de há dez anos para cá que, segundo ele, a levaram à situação actual, se não estiver destreinado do meu treino em análise financeira de incarnações passadas, permito-me arriscar que afinal nada de significativo aconteceu.
O volume de negócios consolidado subiu em 2005/6 dos 39 para os 43 mil milhões de euros e os resultados operacionais (antes de amortizações) até subiram ligeiramente (6,8%) e permanecem sensivelmente acima dos 9 mil milhões de euros. A Vodafone pensa distribuir dividendos aos seus accionistas, e não me parece que o faça por bravata.
O segredo que poderá estar por detrás deste aparente prejuízo monstruoso inexplicado? A direcção da Vodafone resolveu-se finalmente a reconhecer o fiasco representado pela aquisição da operadora alemã Mannesmann, efectuada há seis anos atrás. Uma aquisição, refira-se, pela qual o governo alemão nunca mostrou grande predilecção.
Para os que defendem a total transparência e as certezas científicas da gestão de uma grande empresa cotada em bolsa, expliquem-me, se isto não for a gestão política do tempo da admissão de um fiasco, então o que é que será?...
ET - Apesar de não ter contribuido directamente para o resultado, esta bronca não deve ter trazido uma imagem positiva à organização.
Numa perspectiva menos tecnocrática e menos retórica, de mulher-a-dias mesmo, trata-se de tirar o lixo de debaixo do tapete, para onde havia sido varrido há seis anos atrás.
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