Há circunstâncias em que nos apercebemos de como a Europa é um continente permeável às modas. O que acontece num país tende a ser transposto para outro e esses dois servem de referência para um terceiro que os imita. Os alemães têm a sua Ângela Merkel no comando e os franceses deram em suspirar pela sua Ségolène Royal, a nova coqueluche socialista para as próximas presidenciais.
Por seu turno, nós portugueses, que já Eça descrevia como considerando que tudo o que viesse de Paris era chique a valer, passámos a encarar com outra seriedade as eventuais ambições políticas das raras mulheres em posições de destaque nesse campo. Basta ver a atenção com que se seguiu o comportamento de Manuela Ferreira Leite durante o congresso do PSD deste fim-de-semana.
Mas não é de Manuela Ferreira Leite, e sim de uma outra eminência feminina do PSD que quero falar: Paula Teixeira da Cruz, que, como vice-presidente, pareceu passar todo o congresso ao lado de Luís Marques Mendes como uma sombra, observando, analisando e aconselhando-o.
Pelo que se vê à distância de um ecrã, é de respeitar a determinação continuamente demonstrada por Paula Teixeira da Cruz. Posso falar mesmo em coragem, quando, por exemplo, aceitou fazer o contraditório de Miguel Sousa Tavares num programa de televisão da TVI.
Ora, para o auditório típico da TVI, ter razão não se associa a assuntos mas sim a pessoas: há pessoas que têm sempre razão e outras que estão sempre enganadas. E naquele programa, a estrela de televisão era evidentemente Miguel Sousa Tavares. E, contudo, Paula Teixeira da Cruz fê-lo, embora fosse a má da telenovela.
Apesar de tudo, na minha opinião mesmo quando não fala na TVI, o handicap de Paula Teixeira da Cruz é a sua prestação televisiva. Há pessoas que têm um discurso muito assertivo, o dela é pior, é quase abrasivo, do tipo a palavra hesitação nem faz parte do meu vocabulário. Há pessoas que gostam, mas as que detestam, detestam-no visceralmente. Será que por ter consciência disso – hoje dir-se-ia Síndrome de Dick Cheney *– se esconde por detrás de Luís Marques Mendes?
Sejam quais for as ambições políticas de Paula Teixeira da Cruz, confesso haver uma única razão, completa e descaradamente subjectiva, para que não me agrade a sua ascensão aos lugares de topo da hierarquia do estado. Embora também não a possa culpar. Essa razão chama-se Paulo Teixeira Pinto e é marido dela. E acessoriamente, ocupa o lugar do topo da hierarquia do BCP.
É por causa dessa circunstância que, neste caso concreto, o slogan que dá título a este post podia sofrer um acrescento irónico: As mulheres ao poder… que os maridos já lá estão!
* Síndrome de Dick Cheney: manobra pela qual, reconhecendo-se a si mesmo uma fraca imagem mediático-televisiva, se selecciona alguém tendencialmente acéfalo mas com boas capacidades histriónicas para concorrer eleitoralmente como cabeça de lista. Nota: nunca a palavra “cabeça” se empregou num sentido mais irónico como neste caso.
Por seu turno, nós portugueses, que já Eça descrevia como considerando que tudo o que viesse de Paris era chique a valer, passámos a encarar com outra seriedade as eventuais ambições políticas das raras mulheres em posições de destaque nesse campo. Basta ver a atenção com que se seguiu o comportamento de Manuela Ferreira Leite durante o congresso do PSD deste fim-de-semana.
Mas não é de Manuela Ferreira Leite, e sim de uma outra eminência feminina do PSD que quero falar: Paula Teixeira da Cruz, que, como vice-presidente, pareceu passar todo o congresso ao lado de Luís Marques Mendes como uma sombra, observando, analisando e aconselhando-o.
Pelo que se vê à distância de um ecrã, é de respeitar a determinação continuamente demonstrada por Paula Teixeira da Cruz. Posso falar mesmo em coragem, quando, por exemplo, aceitou fazer o contraditório de Miguel Sousa Tavares num programa de televisão da TVI.
Ora, para o auditório típico da TVI, ter razão não se associa a assuntos mas sim a pessoas: há pessoas que têm sempre razão e outras que estão sempre enganadas. E naquele programa, a estrela de televisão era evidentemente Miguel Sousa Tavares. E, contudo, Paula Teixeira da Cruz fê-lo, embora fosse a má da telenovela.
Apesar de tudo, na minha opinião mesmo quando não fala na TVI, o handicap de Paula Teixeira da Cruz é a sua prestação televisiva. Há pessoas que têm um discurso muito assertivo, o dela é pior, é quase abrasivo, do tipo a palavra hesitação nem faz parte do meu vocabulário. Há pessoas que gostam, mas as que detestam, detestam-no visceralmente. Será que por ter consciência disso – hoje dir-se-ia Síndrome de Dick Cheney *– se esconde por detrás de Luís Marques Mendes?
Sejam quais for as ambições políticas de Paula Teixeira da Cruz, confesso haver uma única razão, completa e descaradamente subjectiva, para que não me agrade a sua ascensão aos lugares de topo da hierarquia do estado. Embora também não a possa culpar. Essa razão chama-se Paulo Teixeira Pinto e é marido dela. E acessoriamente, ocupa o lugar do topo da hierarquia do BCP.
É por causa dessa circunstância que, neste caso concreto, o slogan que dá título a este post podia sofrer um acrescento irónico: As mulheres ao poder… que os maridos já lá estão!
* Síndrome de Dick Cheney: manobra pela qual, reconhecendo-se a si mesmo uma fraca imagem mediático-televisiva, se selecciona alguém tendencialmente acéfalo mas com boas capacidades histriónicas para concorrer eleitoralmente como cabeça de lista. Nota: nunca a palavra “cabeça” se empregou num sentido mais irónico como neste caso.
Não conhece a personagem pessoalmente. Se a conhecesse veria que o casamento com Paulo Teixeira Pinto é o menor dos males. Se é que é mal...
ResponderEliminarA capacidade da TV (com I e sem I) é, de facto, extraordinária. Deforma as personalidades e, por vezes ajudadas pelos dotes dramáticos de quem nela insistentemente aparece, apresenta-as ao invés do que realmente são.
Nessa medida a Paula será um verdeiro study case. Na vida real é uma personagem que de bastante só tem a soberba.