22 maio 2006

JOGOS COM FRONTEIRAS

Sempre guardei para mim a teoria que o ciclismo, apesar de ser um desporto popular, é uma modalidade com poucos adeptos genuínos em Portugal. As provas de ciclismo beneficiavam da circunstância de se disputarem em época de defeso de futebol, no pino do verão, o que lhes granjeava a atenção de todos as secções desportivas dos órgãos de comunicação social, que não tinham mais nada para fazer.

Por arrastamento, sempre considerei como sintoma de aproximação de época do defeso quando os assuntos a tratar na comunicação social, seja qual for a área, começam a sofrer abaixamentos de qualidade inexplicáveis e bruscos. Inexplicável é o tema do programa Prós e Contras de hoje que, depois da Grande Entrevista de outro dia, põe, mais uma vez em grande destaque na RTP aquele-senhor-que-escreveu-um-livro-a-dizer-que-a-culpa-não-foi-dele.

Eu bem sei que me estou a repetir. Quero frisar que a minha opinião crítica sobre os critérios de Judite Sousa se transfere inteirinha para Fátima Campos Ferreira. Também quero mostrar muito pouca tolerância para quem se anda a mostrar mais ingénuo do que aquilo que devia: bastava a José Pacheco Pereira ter recusado o convite que lhe fizeram e já não se sentiria nenhum gladiador.

Mas também quero confessar que eu faço tenção de ver o debate mas, sem quaisquer ilusões, pelas razões mais inconfessavelmente chineleiras possíveis. A mesma disposição que me levava a gostar dos Jogos sem Fronteiras da Eurovisão com os juízes internacionais, Gennaro Olivieri e Guido Pancaldi. Um outro sucesso do defeso!

Mas, não esquecendo o tema original, parece que, com debates deste tipo, esgotado o período dos congressos partidários, estamos chegados a um período de defeso da actividade política. Durante o próximo mês e tal aparentemente o que só vai dar mesmo é Campeonato do Mundo de Futebol.

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