Se necessário fosse demonstrar que os pretextos – o debate sobre a manipulação exercida na e pela comunicação social – que se invocaram para as aparições consecutivas de Manuel Maria Carrilho na dita comunicação social não têm qualquer cabimento, mais uma prova poderia ser empregue, com o título principal de hoje (24/05/06) do jornal Público: Procurador do Apito Dourado Alvo de Processo Disciplinar Após Queixa de Pinto da Costa.
Assim mesmo, e a vermelho, cor que reputadamente os touros detestam e que, por isso mesmo, ornamenta as capas dos toureiros. Eu não tenho qualquer ideia – e comigo seguramente uns 95% dos leitores do jornal – da frequência com que se verificam incidentes deste tipo, em que o investigado, artolas, tenta inverter sob quem incide a pressão da investigação. E também sei reconhecer instintivamente, como 95% dos mesmos leitores, uma boa história, onde há os que são bons e os maus.
É evidente que aquele título está assim redigido para nos indignar. Ou seja, a comunicação social (escrita, neste caso) continua tão manipuladora como sempre o foi, e a palhaçada à volta da tese do livro de Carrilho não passou rigorosamente disso: uma palhaçada. Fosse eu mais amigo de conspirações e diria que a relevância desmesurada dada a alguém que estava tão desacreditado como Carrilho se destinava a retirar credibilidade à própria tese, por associação ao seu autor.
Mas também estão bem uns para os outros: sobre a matéria de facto julgo que não há nada de substantivamente novo a dizer. Julgo que, de toda a multidão que já insultou Pinto da Costa no passado, não houve registo de ninguém que tenha escolhido as palavras estúpido ou parvo. Todo o aparelho do negócio do futebol está domado por ele até ao topo, e é por isso que tudo o que acontece se continua a passar na maior impunidade.
Por exemplo, a esmagadora maioria das pessoas que conhecem o caso Alves dos Reis dos anos 20 nunca perceberam o que lhe falhou: ele foi apanhado a meio caminho. Tinha as famosas notas mas estava a usá-las para comprar uma posição maioritária no Banco de Portugal. Logo que ali chegasse procederia à recolha das suas próprias notas e perder-se-ia o rasto da sua trafulhice e conseguiria o que Pinto da Costa tem: a impunidade.
Pinto da Costa é assim, sem lhe ser reconhecido o mérito, alguém que triunfou onde Alves dos Reis foi apanhado – e é este último (vejam como são as injustiças...) que vem no Livro Guinness de Recordes… Por isso, não há episódio que se torne público que envolva o suborno oculto ou descarado de qualquer árbitro que não resvale na couraça da sua indiferença… Embora também já tenha apercebido recentemente que não pode fazer bluff com todos os políticos...
Para mais, Pinto da Costa recebeu ainda mais recentemente o apoio de um constitucionalista (Gomes Canotilho) que disse umas coisas sobre a inconstitucionalidade de punir as fraudes desportivas que fazem parecer ao leigo, no contexto em que é dada a notícia, que a nossa Constituição tem por detrás dela um racional idêntico ao de alguém que acabou de tomar uma pastilha de LSD.
Assim, pelos vistos, se bem compreendi, na interpretação do distinto constitucionalista não se pode penalizar quem faça aldrabice com os resultados desportivos. O que, no fundo, até nem me surpreende. Somos um país que tem um historial de 70 anos de campeonatos de futebol. Venceram-nos o Belenenses (1 vez), o Boavista (1 vez) e todos os outros campeonatos foram vencidos pelos três clubes do costume e pretende-se que isso seja natural… Tanto como mandar uma moeda ao ar 20 vezes e cair 16 vezes do mesmo lado…
Entre os interesses de uns e os de outros, tenho alguma simpatia pelo procurador de Gondomar que, no meio de tanto emperro (de colegas, também...), se deve ter passado e começado a cometer asneiras que os outros depois aproveitaram… Quanto aos restantes, leia-se o título.
Assim mesmo, e a vermelho, cor que reputadamente os touros detestam e que, por isso mesmo, ornamenta as capas dos toureiros. Eu não tenho qualquer ideia – e comigo seguramente uns 95% dos leitores do jornal – da frequência com que se verificam incidentes deste tipo, em que o investigado, artolas, tenta inverter sob quem incide a pressão da investigação. E também sei reconhecer instintivamente, como 95% dos mesmos leitores, uma boa história, onde há os que são bons e os maus.
É evidente que aquele título está assim redigido para nos indignar. Ou seja, a comunicação social (escrita, neste caso) continua tão manipuladora como sempre o foi, e a palhaçada à volta da tese do livro de Carrilho não passou rigorosamente disso: uma palhaçada. Fosse eu mais amigo de conspirações e diria que a relevância desmesurada dada a alguém que estava tão desacreditado como Carrilho se destinava a retirar credibilidade à própria tese, por associação ao seu autor.
Mas também estão bem uns para os outros: sobre a matéria de facto julgo que não há nada de substantivamente novo a dizer. Julgo que, de toda a multidão que já insultou Pinto da Costa no passado, não houve registo de ninguém que tenha escolhido as palavras estúpido ou parvo. Todo o aparelho do negócio do futebol está domado por ele até ao topo, e é por isso que tudo o que acontece se continua a passar na maior impunidade.
Por exemplo, a esmagadora maioria das pessoas que conhecem o caso Alves dos Reis dos anos 20 nunca perceberam o que lhe falhou: ele foi apanhado a meio caminho. Tinha as famosas notas mas estava a usá-las para comprar uma posição maioritária no Banco de Portugal. Logo que ali chegasse procederia à recolha das suas próprias notas e perder-se-ia o rasto da sua trafulhice e conseguiria o que Pinto da Costa tem: a impunidade.
Pinto da Costa é assim, sem lhe ser reconhecido o mérito, alguém que triunfou onde Alves dos Reis foi apanhado – e é este último (vejam como são as injustiças...) que vem no Livro Guinness de Recordes… Por isso, não há episódio que se torne público que envolva o suborno oculto ou descarado de qualquer árbitro que não resvale na couraça da sua indiferença… Embora também já tenha apercebido recentemente que não pode fazer bluff com todos os políticos...
Para mais, Pinto da Costa recebeu ainda mais recentemente o apoio de um constitucionalista (Gomes Canotilho) que disse umas coisas sobre a inconstitucionalidade de punir as fraudes desportivas que fazem parecer ao leigo, no contexto em que é dada a notícia, que a nossa Constituição tem por detrás dela um racional idêntico ao de alguém que acabou de tomar uma pastilha de LSD.
Assim, pelos vistos, se bem compreendi, na interpretação do distinto constitucionalista não se pode penalizar quem faça aldrabice com os resultados desportivos. O que, no fundo, até nem me surpreende. Somos um país que tem um historial de 70 anos de campeonatos de futebol. Venceram-nos o Belenenses (1 vez), o Boavista (1 vez) e todos os outros campeonatos foram vencidos pelos três clubes do costume e pretende-se que isso seja natural… Tanto como mandar uma moeda ao ar 20 vezes e cair 16 vezes do mesmo lado…
Entre os interesses de uns e os de outros, tenho alguma simpatia pelo procurador de Gondomar que, no meio de tanto emperro (de colegas, também...), se deve ter passado e começado a cometer asneiras que os outros depois aproveitaram… Quanto aos restantes, leia-se o título.
Texto : EXEMPLAR.
ResponderEliminarSentimento decorrente dominante : VERGONHA
Atitude de quem tem alguma vergonha: RESIGNAÇÂO, porque este estado de coisas só acontece porque convém a quem manda (Governos TODOS, sucessivos), a quem ganha $$$$ e aos coitadinhos que se embrulham em cachecóis e bandeiras e ajudam a encher os bolsos de milhares de figurões.
Até quando?
Afinal os "Tarecos" e os "Bobis" são figuras reais e têm uma força que não pode ser desprezada!
ResponderEliminarÉ uma questão de tempo e de oportunidade: se os deixarem à solta, vão ser eles a tomar o Poder!
Os primeiros sinais apareceram nas "autárquicas"!!!
O Tareco e o Bobi têm um processo de apropriação e controle do poder que tanto funciona no futebol como na política; é como aquelas viaturas TT, com excelente comportamento tanto na terra batida, como em estrada. O político tradicional, mesmo que seja muito bom, é como um Ferrari, rapidíssimo, mas atasca-se à primeira poça de água.
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