Deve haver alguma contradição enorme por detrás da enorme publicidade dada a uma notícia recente que anunciava que o filme do Código da Vinci tinha sido recebido em silêncio, com gargalhadas e com apupos no final da sua projecção no Festival de Cannes.
Num país indiscutivelmente republicano e democrático, que destaca e inclui no lema do seu regime a igualdade (para além da liberdade e da fraternidade), este desproporcionado significado atribuído à reacção de um escasso milhar de espectadores – se a sala isso comportar – só pode ser visto como uma deriva aristocrática.
Pelos vistos, é mais frequente do que parece que, entre a sociedade francesa, lhe fuja o pezinho para o chinelo, e todas as apregoadas virtudes republicanas se diluam num ambiente de intriga de corte, como as de Luís XIV ou Napoleão, onde pululam os gestos motivados pelos menos nobres dos motivos.
Só vejo razões menores, daquele tipo, para a desproporcionada importância atribuída pela média à opinião de uma escassa meia dúzia de gatos-pingados quando comparados com os milhões que se prevêem que o irão ver. E uma boa medida do sucesso ou do insucesso ver-se-á, depois, nos resultados de bilheteira.
Deixem-me confessar-vos que li e não apreciei o Código da Vinci. Naquele estilo, considero-o inferior aos livros de Frederick Forsyth, à maioria dos de Michael Crichton e a alguns de Tom Clancy. Quanto ao filme, não faço tenção de ir ao cinema para o ver. Mas reconheço que a adição do aspecto religioso à intriga trouxe à história uma notoriedade ímpar à escala mundial.
Atendendo ao ambiente que adivinho que se viva em Cannes, nem é surpreendente que a maioria dos espectadores não tenha gostado do filme. O que é ridículo é a facilidade com que os média se prestam a servir de caixa de ressonância aos cochichos de uma espécie de corte, petulante, dominada pelo despeito do predomínio mundial da indústria cinematográfica norte-americana.
Enfim, nestes eventos culturais, os média tornam-se uma espécie de ¡Hola! onde as fotografias – do mesmo estilo - são substituídas por críticas de cinema – de estilo igual. Há muitos jornalistas que parecem esquecer-se, nestas alturas, que o deslumbramento acrítico não é uma questão de substância (a duquesa chiquérrima...) mas sobretudo de atitude.
Num país indiscutivelmente republicano e democrático, que destaca e inclui no lema do seu regime a igualdade (para além da liberdade e da fraternidade), este desproporcionado significado atribuído à reacção de um escasso milhar de espectadores – se a sala isso comportar – só pode ser visto como uma deriva aristocrática.
Pelos vistos, é mais frequente do que parece que, entre a sociedade francesa, lhe fuja o pezinho para o chinelo, e todas as apregoadas virtudes republicanas se diluam num ambiente de intriga de corte, como as de Luís XIV ou Napoleão, onde pululam os gestos motivados pelos menos nobres dos motivos.
Só vejo razões menores, daquele tipo, para a desproporcionada importância atribuída pela média à opinião de uma escassa meia dúzia de gatos-pingados quando comparados com os milhões que se prevêem que o irão ver. E uma boa medida do sucesso ou do insucesso ver-se-á, depois, nos resultados de bilheteira.
Deixem-me confessar-vos que li e não apreciei o Código da Vinci. Naquele estilo, considero-o inferior aos livros de Frederick Forsyth, à maioria dos de Michael Crichton e a alguns de Tom Clancy. Quanto ao filme, não faço tenção de ir ao cinema para o ver. Mas reconheço que a adição do aspecto religioso à intriga trouxe à história uma notoriedade ímpar à escala mundial.
Atendendo ao ambiente que adivinho que se viva em Cannes, nem é surpreendente que a maioria dos espectadores não tenha gostado do filme. O que é ridículo é a facilidade com que os média se prestam a servir de caixa de ressonância aos cochichos de uma espécie de corte, petulante, dominada pelo despeito do predomínio mundial da indústria cinematográfica norte-americana.
Enfim, nestes eventos culturais, os média tornam-se uma espécie de ¡Hola! onde as fotografias – do mesmo estilo - são substituídas por críticas de cinema – de estilo igual. Há muitos jornalistas que parecem esquecer-se, nestas alturas, que o deslumbramento acrítico não é uma questão de substância (a duquesa chiquérrima...) mas sobretudo de atitude.
Há quem diga que não suporta mais de duas páginas de Dan Brown (veja-se o artigo linkado) mas que afirma apreciar mais de três horas de Manoel de Oliveira.
ResponderEliminarEu defendo o pluralismo das opiniões artísticas mas nessa, tenham paciência, acredite só quem quiser...