19 maio 2006

A IMORALIDADE DE MICHAEL MOORE

Encarado de uma determinada perspectiva Michael Moore é uma espécie de Vasco Pulido Valente dos americanos: tudo o que produz destina-se a arrasar com a imagem dos compatriotas e, entre eles, há quem goste. É uma das raras perspectivas em que eu teria gostado de ser norte-americano: Moore tem montes de piada e Pulido Valente não, a não ser involuntariamente.

Uma das experiências que considero mais provocatórias de Moore foi a de ter ido para a rua fazer um inquérito de opinião, questionando os entrevistados sobre a resposta que os Estados Unidos deviam adoptar à atitude ameaçadora da Suécia. Segundo me recordo, 21% dos interrogados eram de opinião que o que se devia fazer era declarar mesmo guerra à Suécia!

Em função deste resultado, fiquei com a sensação que o prioridade máxima de qualquer país ocidental em termos de documentação, não será a obrigatoriedade da posse de um bilhete de identificação, ou mesmo de um título de porte de arma, mas antes a emissão para breve de um certificado de posse de cérebro que qualifique o titular a responder a sondagens de opinião.

Do ponto de vista estatístico, também foi importante detectar na opinião pública norte-americana um plafond mínimo, rondando os 20%, em que as pessoas interrogadas respondem não-interessa-o-quê desde que seja na linha John Wayne, a uma pergunta que desconfio nem tenham compreendido na totalidade.

Sem me querer imiscuir no pelouro do Margens de Erro, cuja participação aqui na blogosfera nunca é demais realçar, penso que será possível reinterpretar as últimas taxas de aprovação de George W. Bush, rondando os 30%, como uma aprovação de 10% dos 80% que perceberam o alcance da pergunta que lhes foi colocada…

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