
A lista dos escutados incluía o próprio primeiro-ministro grego, os ministros dos negócios estrangeiros, defesa, administração interna, justiça e da marinha mercante, vários membros do topo da hierarquia das forças armadas, o presidente da câmara de Atenas, para além de inúmeras outras pessoas sem cargos relevantes na administração grega. Já esta semana, foram adicionados à lista o nome dos chefes da polícia, da segurança dos Jogos – as escutas abrangeram o período em que decorreram os Jogos Olímpicos de 2004 – da luta antiterrorista e dos serviços secretos.
Este menu de personalidades escutadas, conjugado com o facto das escutas terem decorrido debaixo do apoio logístico e através de uma operadora multinacional – a Vodafone – faz apontar para tenha havido mãos americanas por detrás das escutas, muito embora isso agora se mostre difícil de provar, dado que o equipamento de escuta já foi desactivado.
As razões para esta intervenção prender-se-iam com uma certificação redobrada sobre o sistema de segurança instalado para a realização dos Jogos Olímpicos de 2004, mas o assunto afigura-se controverso, para mais quando a culpabilidade americana também se torna conveniente para uma das facções políticas gregas – o PASOK e outras organizações de esquerda, na oposição.
Mas o facto das escutas terem decorrido ao abrigo da operadora multinacional Vodafone pode-nos servir de exemplo tangível da distinção entre os centros de decisão e os centros de competência que o Administrador em Portugal da mesma Vodafone – António Carrapatoso – tem mostrado propensão para confundir.
É que os serviços técnicos gregos da Vodafone foram competentes a instalar os aparelhos de escuta; agora, onde estarão, e que nacionalidade terão, aqueles que decidiram instalá-los?