28 fevereiro 2006

EU TAMBÉM VOU CÁ ATRÁS…

Certo dia, um amigo meu teve que ir buscar dois estrangeiros da sede da empresa para onde trabalhava (e que não conhecia) ao aeroporto. Desde o contacto inicial ficou com a impressão que havia uma animosidade latente entre os dois recém chegados.

A impressão confirmou-se e deveria estar ligada ao protocolo das suas importâncias relativas lá na sede, quando, no estacionamento, um dos estrangeiros põe a mala rapidamente na bagageira do carro e senta-se no banco de trás, imediatamente imitado pelo seu colega de viagem. Ficou o meu amigo diante da posição ridícula de ter os dois convidados instalados no banco de trás do seu carro.

Ouvindo a história posteriormente e quando a narrativa aqui chegou, estava à espera ou de um triste episódio com o meu amigo a fazer de chofer de táxi ou de um episódio quente, com o meu amigo a fazer o mais polidamente possível ver, aquele par de estrangeiros, que não estaria na disposição de lhes aturar cenas gagas.

A solução dele, diferente, salienta-se pela ligeireza, bom humor e simplicidade: abriu a porta de trás, sorrindo, pediu licença à parelha, que teve de se ajeitar, e sentando-se, anunciou que também preferia ir atrás, embora fosse capaz de demorar um bocadinho mais tempo a chegar ao hotel… O episódio acabou pelo melhor.

O condutor daquele carro faz-me lembrar a forma como é interpretado actualmente o cargo de presidente do PSD e as angústias que o meu amigo sofreu serão muito parecidas com as que padece Marques Mendes. O banco de trás, então, é como se fosse um verdadeiro banco corrido de mais de uma dúzia de personalidades e de ambições no PSD.

Mas, nem que seja pela minha simpatia congénita pelos underdogs e por aqueles que despendem a maioria do esforço, até não me desagradaria que Marques Mendes pudesse dar a volta por cima aos parceiros que vão à boleia, como aconteceu com o meu amigo. Agora se ele consegue é uma outra coisa…