Esta série dos Pequenos Vagabundos (Les Galapiats, no original), para aqueles que se lembram dela, é um verdadeiro hino à nostalgia em mais do que um aspecto.
Um verdadeiro sucesso televisivo, oriundo de um pequeno país europeu (Bélgica francófona), e por isso, dificilmente repetível (como aconteceu, naquela época, com a Pippi das Meias Altas, da Suécia, depois com o Verão Azul espanhol, ou, mais recentemente, com o Comissário Rex austríaco), os Pequenos Vagabundos servem também para marcar o ocaso do preto e branco nas séries juvenis de sucesso. Não deve ter sido coincidência que fosse Portugal (dos poucos países europeus onde a TV ainda transmitia a preto e branco) um dos países onde a série se tornou mais popular.
Produzida e realizada por belgas francófonos, naquela época em vias de perder a proeminência no poder político belga para os seus compatriotas de cultura flamenga, a série é também um derradeiro esforço de dar uma dimensão global à francofonia (os protagonistas são quase todos de nacionalidades diferentes, embora exprimindo-se todos em francês) que tinha vindo a ser definitivamente suplantada pelo inglês.
Mas também havia coisas novas na série, pelo menos para a quem ela assistia neste pequeno jardim à beira-mar plantado. Era uma história de aventuras onde, ao contrário das impolutas Aventuras dos Cinco de Enid Blyton, havia uma sugestão de romance, com dois protagonistas bonitinhos a arrancar suspiros da audiência e a trocar dois beijinhos (na carinha, pois claro) no último episódio.
Finalmente, a nostalgia da idade dos espectadores, que ainda permitia levar a sério um argumento em que se ia à procura de um tesouro medieval dos templários, se encontravam os lingotes de ouro que afinal eram de um assalto feito por maus, muito maus, irrecuperavelmente maus, que eram castigados no fim...
Para aqueles que se tenham entusiasmado mais sugerimos a visita a um site dos nostálgicos (em francês) Mas não nos responsabilizamos por eventuais desilusões com a Marion...