Será talvez o karma que faz ressurgir um novo poste, também dedicado ao jogo dos contrastes, diferente do de ontem, mas também significativo. Agora, para se falar de militância política dentro dos partidos portugueses, na sequência de um interessante artigo escrito por José Pacheco Pereira (JPP) no Público no passado dia 2 de Fevereiro.
O artigo em questão, cuja continuação está prometida para a próxima semana, faz uma descrição cruel de todos os vícios de forma que subvertem o funcionamento interno de um partido, desde a arregimentação de militantes, passando pelo pagamento das suas quotas, a viciação dos seus dados pessoais, ou uma constante permuta venal de favores.
No entanto, quando, aproveitando o e-mail que enviei a JPP, felicitando-o pelo referido artigo, lhe perguntei o que é que ele, pessoalmente, tinha feito para contrariar tal estado de coisas quando presidiu à distrital de Lisboa do PSD, aproveitei para me sentar, porque tinha a intuição que conviria esperar sentado pela resposta, para não me cansar. E não estava enganado, pelo menos até à altura que escrevo.
Nos antípodas da excelência analítica de JPP estará, por exemplo, um seu companheiro do PSD, o demissionário presidente da distrital do Porto, Marco António Costa (MAC). A sua prestação televisiva no início da semana, sustentando as causas da sua demissão numa pequena alteração dos estatutos que passa a impedir um militante do PSD de pagar as quotas de companheiros seus, tornou-se patética de tão ridícula.
As razões invocadas passaram pela dificuldade que um militante teria em pagar a impressionante quantia da quota de 1 euro mensal até chegarem ao facto preocupante do militante poder não ter cartão Multibanco para efectuar o pagamento. Uma argumentação desoladora…
O PSD pode assim ser descrito pelo contraste entre este Ying, que sabe argumentar e analisar mas que encaixa como uma luva no estereótipo do boneco de Ricardo Araújo Pereira – eles falam, falam, falam, mas não os vejo a fazer nada… – e o outro Yang, que organiza as eleições, elege os delegados, trata dos financiamentos, resolve enfim os problemas concretos mas que não consegue articular três seguidas de jeito – talvez seja por cauda disso que Luís Filipe Meneses faça figura de intelectual lá no meio…
Extrapolando do PSD para o país, há um Portugal que adora a obra feita. Mas já percebeu que só por aí não se vai lá. Há outro Portugal que só compreende a argumentação devidamente estruturada. Mas também já tomou consciência que isso não pode ser um fim em si mesmo. Terá que ser qualquer coisa a um meio caminho: um JPP que saiba fazer coisas e um MAC que tenha ética nas coisas que faz.
E, ás vezes, em circunstâncias como as que atravessamos, já é muito importante sabermos o que queremos.
O artigo em questão, cuja continuação está prometida para a próxima semana, faz uma descrição cruel de todos os vícios de forma que subvertem o funcionamento interno de um partido, desde a arregimentação de militantes, passando pelo pagamento das suas quotas, a viciação dos seus dados pessoais, ou uma constante permuta venal de favores.
No entanto, quando, aproveitando o e-mail que enviei a JPP, felicitando-o pelo referido artigo, lhe perguntei o que é que ele, pessoalmente, tinha feito para contrariar tal estado de coisas quando presidiu à distrital de Lisboa do PSD, aproveitei para me sentar, porque tinha a intuição que conviria esperar sentado pela resposta, para não me cansar. E não estava enganado, pelo menos até à altura que escrevo.
Nos antípodas da excelência analítica de JPP estará, por exemplo, um seu companheiro do PSD, o demissionário presidente da distrital do Porto, Marco António Costa (MAC). A sua prestação televisiva no início da semana, sustentando as causas da sua demissão numa pequena alteração dos estatutos que passa a impedir um militante do PSD de pagar as quotas de companheiros seus, tornou-se patética de tão ridícula.
As razões invocadas passaram pela dificuldade que um militante teria em pagar a impressionante quantia da quota de 1 euro mensal até chegarem ao facto preocupante do militante poder não ter cartão Multibanco para efectuar o pagamento. Uma argumentação desoladora…
O PSD pode assim ser descrito pelo contraste entre este Ying, que sabe argumentar e analisar mas que encaixa como uma luva no estereótipo do boneco de Ricardo Araújo Pereira – eles falam, falam, falam, mas não os vejo a fazer nada… – e o outro Yang, que organiza as eleições, elege os delegados, trata dos financiamentos, resolve enfim os problemas concretos mas que não consegue articular três seguidas de jeito – talvez seja por cauda disso que Luís Filipe Meneses faça figura de intelectual lá no meio…
Extrapolando do PSD para o país, há um Portugal que adora a obra feita. Mas já percebeu que só por aí não se vai lá. Há outro Portugal que só compreende a argumentação devidamente estruturada. Mas também já tomou consciência que isso não pode ser um fim em si mesmo. Terá que ser qualquer coisa a um meio caminho: um JPP que saiba fazer coisas e um MAC que tenha ética nas coisas que faz.
E, ás vezes, em circunstâncias como as que atravessamos, já é muito importante sabermos o que queremos.