Foi por acaso que comecei a registar que o nome das personagens das telenovelas raramente ou nunca se repetia, contrariamente à nossa experiência de vida, em que os Joões, as Catarinas, os Pedros e as Isabéis precisam de ser identificados frequentemente com o apelido ou um outro atributo que os distinga dos seus homónimos.
Numa telenovela que se preze não há nada disso. Do elenco poderá constar um Amílcar e uma Deolinda (normalmente o pessoal menor da casa senhorial), esgotar o alfabeto até um Zeferino ou a uma Zulmira, mas dois Zés ou duas Marias são ousadias que poderão conduzir à confusão do telespectador.
Onde o telespectador da TVI não ficou confuso foi ontem, Domingo, à hora de almoço, quando escutava Valentim Loureiro, a explicar a sua perspectiva do processo em que é arguido. E em que, surpreendentemente, se considerava inocente. Tal como Carlos Cruz, quando fez o périplo das três televisões e conseguiu ficar com os olhos húmidos rigorosamente na mesma altura do seu depoimento em cada uma delas.
Promovesse a TVI oportunidade idêntica a todos os arguidos que o sistema judicial vai produzindo e chegaríamos ao corolário que talvez haja uma certa falta de justificação para tantas cadeias em Portugal, uma vez que elas estão, possivelmente, cheias de gente inocente como o major que, a última vez que deve ter apreciado um presídio por dentro, vai para uns longínquos 40 anos, a propósito de umas míseras batatas.
Houvesse televisão e TVI nos anos 20 e perderíamos o direito à nossa coroa de glória portuguesa do livro Guiness de recordes: Alves dos Reis era um escroque, decerto, mas era muito inteligente, bem-educado, e não era mau rapaz. Como, por exemplo, era menos arrogante e vestia melhor do que Vale e Azevedo e só tinha tentado aldrabar o Estado português, que somos todos nós, mas não podemos sê-lo todos ao mesmo tempo, talvez até se safasse com uma pena suspensa.
Mas o que se torna mais surpreendente em todos estes processos envolvendo a justiça é a forma como, numa hipotética orquestra, nunca tocam em conjunto, ou seja, nunca evoluem simultaneamente em termos mediáticos.
Só para falar nos instrumentos de sopro da tal orquestra, se já se ouviu o som do fagote do Isaltino & Sobrinho, calou-se agora para o oboé do Apito Dourado, as trompas que o Sr. Presidente mandou tocar sonora e urgentemente para o esclarecimento das Listagens de Excel devem ter entupido e o Dr. Moura, encarregado de as arranjar, ainda não voltou, e, para não deixar cair em esquecimento, ainda existe a flauta da história do Lixo de Felgueiras, que as más línguas sussurram por aí já estar rachada.
Ao contrário da repetição dos nomes das telenovelas, que se consegue atribuir inequivocamente ao argumentista, não se percebe muito bem se neste último caso se existe um maestro (ou maestros) que dirigem o ritmo da entrada dos instrumentos em cena.
Mas o cepticismo cínico de Sancho Pança não é de todo descabido: Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay (Eu não acredito em bruxas, mas que as há, há).
Numa telenovela que se preze não há nada disso. Do elenco poderá constar um Amílcar e uma Deolinda (normalmente o pessoal menor da casa senhorial), esgotar o alfabeto até um Zeferino ou a uma Zulmira, mas dois Zés ou duas Marias são ousadias que poderão conduzir à confusão do telespectador.
Onde o telespectador da TVI não ficou confuso foi ontem, Domingo, à hora de almoço, quando escutava Valentim Loureiro, a explicar a sua perspectiva do processo em que é arguido. E em que, surpreendentemente, se considerava inocente. Tal como Carlos Cruz, quando fez o périplo das três televisões e conseguiu ficar com os olhos húmidos rigorosamente na mesma altura do seu depoimento em cada uma delas.
Promovesse a TVI oportunidade idêntica a todos os arguidos que o sistema judicial vai produzindo e chegaríamos ao corolário que talvez haja uma certa falta de justificação para tantas cadeias em Portugal, uma vez que elas estão, possivelmente, cheias de gente inocente como o major que, a última vez que deve ter apreciado um presídio por dentro, vai para uns longínquos 40 anos, a propósito de umas míseras batatas.
Houvesse televisão e TVI nos anos 20 e perderíamos o direito à nossa coroa de glória portuguesa do livro Guiness de recordes: Alves dos Reis era um escroque, decerto, mas era muito inteligente, bem-educado, e não era mau rapaz. Como, por exemplo, era menos arrogante e vestia melhor do que Vale e Azevedo e só tinha tentado aldrabar o Estado português, que somos todos nós, mas não podemos sê-lo todos ao mesmo tempo, talvez até se safasse com uma pena suspensa.
Mas o que se torna mais surpreendente em todos estes processos envolvendo a justiça é a forma como, numa hipotética orquestra, nunca tocam em conjunto, ou seja, nunca evoluem simultaneamente em termos mediáticos.
Só para falar nos instrumentos de sopro da tal orquestra, se já se ouviu o som do fagote do Isaltino & Sobrinho, calou-se agora para o oboé do Apito Dourado, as trompas que o Sr. Presidente mandou tocar sonora e urgentemente para o esclarecimento das Listagens de Excel devem ter entupido e o Dr. Moura, encarregado de as arranjar, ainda não voltou, e, para não deixar cair em esquecimento, ainda existe a flauta da história do Lixo de Felgueiras, que as más línguas sussurram por aí já estar rachada.
Ao contrário da repetição dos nomes das telenovelas, que se consegue atribuir inequivocamente ao argumentista, não se percebe muito bem se neste último caso se existe um maestro (ou maestros) que dirigem o ritmo da entrada dos instrumentos em cena.
Mas o cepticismo cínico de Sancho Pança não é de todo descabido: Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay (Eu não acredito em bruxas, mas que as há, há).