15 fevereiro 2006

O CÃO QUE NÃO LADROU

Não sou um grande apreciador das aventuras de Sherlock Holmes mas gosto, por vezes, da argúcia de raciocínio que Conan Doyle confere ao seu personagem.

Um desses casos que mais aprecio, é o de uma situação em que Holmes chama a atenção para o estranho comportamento do cão perante a surpresa de Watson, dado o cão nem ter reagido, e quando este lhe chama a atenção para esse facto, Holmes confirma-o: é que o cão devia ter reagido e o estranho foi não o ter feito.

No caso do caso Eurominas, que não vai chegar a ser caso nenhum porque o PS, prestimosamente, deu por findas as investigações da comissão parlamentar de inquérito, também se esperaria que o cão ladrasse e produzisse um documento esclarecedor de uma situação inequivocamente confusa de onde a única certeza que parece se poder extrair é que o Estado foi lesado em benefício da referida empresa Eurominas.

Mas, nas estratégias comunicacionais dos tempos que correm, cada vez estamos mais habituados à figura dos silêncios ensurdecedores. Este é um deles. Da parte de alguém, como eu, que não tinha nenhuma opinião formada sobre o assunto mas procurou fazê-lo, ficou um novelo e um nevoeiro de suspeitas a pairar sobre figuras gradas do PS nele envolvidas: António Vitorino, José Lamego e Narciso Miranda.

Em que deve haver culpas sérias, porque não se adivinha outra razão para o cão não ter ladrado…