A sabedoria popular, aquela que tem validade pelo que demonstra na prática, sem a necessidade de confirmação através de um mestrado ou de um doutoramento lá fora, possui um ditado, clássico, que afirma que mais vale cair em graça do que ser engraçado.
Aceitando-o por verdadeiro, permanecem para mim insondáveis, para além dos tradicionais desígnios do Senhor, as circunstâncias que levam algumas pessoas a cair em graça. Como insondáveis permanecem muitas vezes as causas que, posteriormente, os levam a cair em desgraça.
Tomemos o exemplo do Eng.º Carlos Pimenta do tempo do cavaquismo que, recentemente, anda a tentar reaparecer à superfície (no jornal Expresso de 25 de Fevereiro) a propósito da problemática do nuclear para Portugal – um tema que até lhe assenta muito bem.
Um dos mistérios associados com o Eng.º Pimenta é que, não sendo dos engraçados nem procurando ser engraçado*, acabou a ser tratado carinhosamente por Pimentinha, num mimo dos tais: insondáveis. Agora, falando mais do seu estilo, acredito que seja daqueles que passa melhor oralmente devido, não só à convicção contida no que é dito, como também à intensa energia posta na transmissão da convicção daquilo que é dito; a contrapartida é que sobra pouca energia residual para afectar à substância daquilo que foi dito.
Esta última característica não assume grande relevância se o assunto a debater forem, por exemplo, umas calças sujas; se o Eng.º Pimenta disser que tem as calças sujas, é indubitável a sujidade das calças e inquestionável a celeridade do Eng.º a identificar o local da nódoa e isso sente-se na forma como o Eng.º Pimenta nos informa do facto.
A porca pode torcer o rabo se o tema a debater subir no patamar das exigibilidades intelectuais. Por exemplo, quando o Eng.º Pimenta foi chamado expressamente de Bruxelas, qual arma secreta do PSD, para debater o delicado tópico da co-incineração do lixo industrial num taco a taco nas TVs com a Ministra do Ambiente da altura, Elisa Ferreira, as coisas não lhe correram de feição…
Logo no primeiro frente-a-frente, depois da Ministra ter deixado o Eng.º Pimenta demonstrar, com o empenhamento que lhe é reconhecido, o quase apocalipse de produtos perigosos (de nomes impronunciáveis) que cairiam sobre as populações das redondezas das instalações que procedessem à co-incineração, confrontou-o com o facto de, residindo Pimenta em Bruxelas com a família, morar a uns meros dez quilómetros de uma dessas instalações… É o que dá quem quer demonstrar assim tanto empenho: todo aquele dinamismo não podia deixar os seus próprios filhos a agonizar daquela forma…
Eu, naquele momento, pensei poder estar a assistir ao requiem político do Eng.º Carlos Pimenta… Ou seja, neste caso até percebi os motivos porque Pimenta iria cair em desgraça. E, até ontem, pensei não estar enganado…
Aceitando-o por verdadeiro, permanecem para mim insondáveis, para além dos tradicionais desígnios do Senhor, as circunstâncias que levam algumas pessoas a cair em graça. Como insondáveis permanecem muitas vezes as causas que, posteriormente, os levam a cair em desgraça.
Tomemos o exemplo do Eng.º Carlos Pimenta do tempo do cavaquismo que, recentemente, anda a tentar reaparecer à superfície (no jornal Expresso de 25 de Fevereiro) a propósito da problemática do nuclear para Portugal – um tema que até lhe assenta muito bem.
Um dos mistérios associados com o Eng.º Pimenta é que, não sendo dos engraçados nem procurando ser engraçado*, acabou a ser tratado carinhosamente por Pimentinha, num mimo dos tais: insondáveis. Agora, falando mais do seu estilo, acredito que seja daqueles que passa melhor oralmente devido, não só à convicção contida no que é dito, como também à intensa energia posta na transmissão da convicção daquilo que é dito; a contrapartida é que sobra pouca energia residual para afectar à substância daquilo que foi dito.
Esta última característica não assume grande relevância se o assunto a debater forem, por exemplo, umas calças sujas; se o Eng.º Pimenta disser que tem as calças sujas, é indubitável a sujidade das calças e inquestionável a celeridade do Eng.º a identificar o local da nódoa e isso sente-se na forma como o Eng.º Pimenta nos informa do facto.
A porca pode torcer o rabo se o tema a debater subir no patamar das exigibilidades intelectuais. Por exemplo, quando o Eng.º Pimenta foi chamado expressamente de Bruxelas, qual arma secreta do PSD, para debater o delicado tópico da co-incineração do lixo industrial num taco a taco nas TVs com a Ministra do Ambiente da altura, Elisa Ferreira, as coisas não lhe correram de feição…
Logo no primeiro frente-a-frente, depois da Ministra ter deixado o Eng.º Pimenta demonstrar, com o empenhamento que lhe é reconhecido, o quase apocalipse de produtos perigosos (de nomes impronunciáveis) que cairiam sobre as populações das redondezas das instalações que procedessem à co-incineração, confrontou-o com o facto de, residindo Pimenta em Bruxelas com a família, morar a uns meros dez quilómetros de uma dessas instalações… É o que dá quem quer demonstrar assim tanto empenho: todo aquele dinamismo não podia deixar os seus próprios filhos a agonizar daquela forma…
Eu, naquele momento, pensei poder estar a assistir ao requiem político do Eng.º Carlos Pimenta… Ou seja, neste caso até percebi os motivos porque Pimenta iria cair em desgraça. E, até ontem, pensei não estar enganado…
Mas seja bem (re)aparecido! Podemos estar a assistir à renovação de um antigo político que deu em empresário das energias renováveis.
* Por exemplo, um dos seus sucessores, Carlos Borrego, tentou ter piada, não teve - com a anedota dos hemodialisados - e foi despedido.
Actualização de 27/02:
Longe estava eu de sonhar que o assunto da co-incineração iria voltar à ribalta. Quero só deixar um segredo, sussurrado, ao ouvido de Marques Mendes: Se o Eng.º Pimenta se oferecer para ajudar, mesmo que ele o faça com muito empenho (o que, nele, é o estado natural), não aceite...