29 dezembro 2006

UM CHEIRINHO A ANTÓNIO DAMÁSIO

Com a devida vénia a quem assina ITM no Corta-Fitas, que para ele chamou a atenção, eu quero recuperar um fantástico parágrafo da apresentação do Fórum para a Inclusão Social que se apresenta assim:

A experiência acumulada ao longos dos anos recentes, no âmbito nacional e internacional, aconselha que se avance no reforço de uma colaboração entre o sector público, privado e 3.º Sector, articulando um sistema de participação no diagnóstico de necessidades e no estabelecimento de prioridades que facilite a cooperação no desenvolvimento de objectivos e dando impulso a estratégias que tenham demonstrado ser eficazes para as políticas de acção social, especialmente as que se dirigem aos sectores mais vulneráveis da população, enquadrando formas de solidariedade cidadã, bem como facilitando e promovendo o aparecimento de novas alternativas como resposta a novas necessidades; tudo isto sem menosprezar ou inverter as responsabilidades que cabe a cada sector individualmente.

E o texto segue, na continuidade do estilo… Pior mesmo, só quem se lembrar (tiver lembrado?) de o aproveitar para o discurso inaugural, o que não seria um gesto inédito...

Eu lembrei-me de aventar aqui a hipótese científica, na mesma área que tornou famoso António Damásio e que me já havia ocorrido anteriormente em muitos outros textos deste mesmo quilate, que os traques sonoros e prolongados, quando produzidos em condições socialmente inconvenientes, poderão produzir muito mais sinapses cerebrais - o que quer dizer que despertarão muito mais atenção! - em quem calha ouvi-los do que a audição de quem profira inanidades deste teor num qualquer discurso oficial.

Eu bem sei que a metáfora poderá ser considerada de uma escatologia excessiva (será influência de Carolina Salgado e do tema da moda, os desconfortos de Pinto da Costa?) mas falhar-me-á o engenho de descobrir uma outra forma em que possa rebaixar tanto técnica como literariamente e de uma forma tão fulgurante quem teve a desfaçatez de escrever e quem se atrever a ler em voz alta em forma de discurso o que acho que não passa de uma merda sem qualquer substância…

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