13 dezembro 2006

A FORMAÇÃO DOS FORMADORES (DE OPINIÃO)

A respeito de um recente livro ressabiado, daqueles típicos do fim de uma relação, da autoria de uma senhora que se chama Carolina Salgado, que descobri por estes dias ter sido durante uns anos companheira sentimental do presidente do Futebol Clube do Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, suponho que já se conseguiu escrever tudo o que de bom e de mau se podia arranjar para dizer do livro e sobretudo da autora do livro.

Já se produziram opiniões como: O livro da dona Carolina não é sequer literatura de aeroporto: é um dejecto de ressabiamentos e vinganças pessoais que eloquentemente ilustra não as origens ou a educação, mas o carácter da senhora. Ou ainda: O asqueroso episódio da dona Carolina Salgado é grave, não pode passar sem consequências e não pode ser o FC Porto a pagá-las. No lugar dele (Pinto da Costa) demitia-me.

Embora confesse o meu maior esforço para compreender as motivações que poderão levar à severidade contida na produção de tais comentários, parece-me que existe entre nós uma indulgência excessiva quanto à forma como se toleram alguns delírios associados e derivados do futebol como de coisa importante se tratasse. Essa sensação ainda piora quando a vemos expressa por aqueles que costumam ser considerados (e respeitados como…) formadores de opinião.

O que ali está escrito não parece ser o facciosismo de quem comenta de forma demasiadamente tendenciosa a arbitragem de um qualquer Paços de Ferreira – FC Porto para os oitavos de final da Taça de Portugal. É uma outra coisa, e estou mesmo desconfiado que aquele mesmo assunto mereceria apenas palavras de alheado desprezo da parte de Miguel Sousa Tavares – pois são dele as frases acima citadas – fossem os protagonistas outros, como é frequente nas páginas da imprensa cor-de-rosa.

Tentando esquecer o paradoxo, que poucos parecem atingir por estes dias, que, quanto mais se procura denegrir o carácter da referida senhora, mais se atingem, em retrospectiva os gostos e as escolhas pessoais de Jorge Nuno Pinto da Costa, só há que estranhar em tão emérito formador de opinião como Miguel Sousa Tavares (que foi objecto até, recentemente, de uma transferência de peso de um jornal diário para um semanário…) a completa falta do sentido da proporção e importância dos problemas, que evidentemente dá aqui mostras.

Com estes precedentes tão sanguíneos, ainda estou a ver Miguel Sousa Tavares num futuro próximo, por um qualquer assunto de rodapé mas que esteja vagamente associado ao futebol, a apelar para que o Presidente Cavaco Silva nos declare formalmente em guerra com qualquer um dos nossos parceiros europeus… Ora, creio que o futebol não pode, nem deve, servir de pretexto - nem de desculpa - para que as pessoas parem positivamente de pensar...

2 comentários:

  1. Não é novidade!

    Tudo aquilo que diga respeito ao “efe-cê-pê” deixa MST com uma debilidade de pensamento aterradora...

    Bolas!!!

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  2. A dona Carolina só tem a particularidade de ter dormido com o inimigo maior da verdade desportiva.
    De facto, nada do que relata (à excepção da sova no Bexiga) é novo para os milhares de pessoas mais ou menos ligadas ao futebol.
    Refiro-me a dirigentes, massagistas, roupeiros, tratadores da relva, mulheres da limpeza, funcionários administrativos, jornalistas, jogadores, etc.
    É vergonhoso que antigos (já não digo actuais) jogadores não tenham a dignidade de contar o que sabem, o que viram, o que fizeram ou o que ouviram contar. Falo de doping, de árbitragens compradas, de violência intencional, subornos a jogadores, etc.
    O mesmo se aplica aos jornalistas que são (em muitos casos) uns parasitas que TUDO sabem mas que continuam a enganar o pagode a troco de umas esmolas de todos os Pintos deste país.
    Claro, não esqueço os hipócritas dos nossos governantes a quem esta batota convém.
    Que asco, meninos, que asco!

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