STRANGERS IN THE NIGHT… DU DU BI DU

Há um aspecto em que o desporto é indiscutivelmente superior à arte. No primeiro existem critérios objectivos de rendimento desportivo que forçam o atleta a ter de se retirar. Na arte – estou a pensar especificamente em cantores – há sempre aquela inércia da fama que, conjugada com a ignorância de uma esmagadora maioria da audiência, lhes permite que se arrastem por muitos anos – com sucesso comercial – depois do auge.

Assim aconteceu com Amália Rodrigues (1920-99) que, para o fim, só gemia e agradecia em palco e foi o que aconteceu com Frank Sinatra (1915-98), que andou desde 1969 e por toda a década de 70 (nisso foi muito precoce) a anunciar consecutivamente que se ia retirar para depois regressar uma vez mais com um estadão cada vez maior, a ponto de, a partir de certa altura, aqueles anúncios passarem a ser objecto de farto gozo.

E ainda no princípio dos anos 90 recebíamos cá em Portugal o septuagenário Sinatra em tournée mundial, uma sombra do que fora, nas críticas da época. Eu creio já tê-lo ouvido a cantar o Only You em televisão, e com um tremendo sucesso, mas com mais esta notícia a sondar o seu hipotético regresso, depois de notícias recentes da sua retirada definitiva dos órgãos do PS, será que Jorge Coelho está apostado numa carreira de falsas saídas à Frank Sinatra?