OS VOOS ESPACIAIS TRIPULADOS
Convém começar por especificar que a frenética corrida espacial que se travou durante as década de 60 e na primeira metade da de 70 entre soviéticos e norte-americanos se baseia num subproduto do desenvolvimento técnico da sua capacidade de desencadear um ataque nuclear de surpresa sobre o inimigo ou, caso sofrendo esse ataque, manter ainda a capacidade de retaliar de forma maciça.
Os foguetões que colocaram os primeiros tripulantes em órbita terrestre, como o R-7 soviético (acima) ou o Titan II norte-americano (em baixo), foram concebidos originalmente como mísseis balísticos com um alcance de dez a quinze mil quilómetros – portanto capazes de atingir o território inimigo – transportando pesadas cargas nucleares.
Como curiosidade, repare-se, observando as duas fotografias, como difere a solução encontrada pelos dois lados para que o veículo fosse perdendo em voo o peso desnecessário dos depósitos de combustível já utilizados: enquanto nos norte-americanos eles estão dispostos em andares, nos soviéticos eles estão dispostos em feixe, à volta do corpo central. Na fase final do seu voo, os foguetões dos primeiros estariam mais pequeninos, enquanto os dos segundos seriam mais magrinhos.
O que é importante para esta história é que, alterando-se o tipo de carga do veículo e a sua trajectória se podia empregá-los para colocar cargas em órbita. E, para efeitos de propaganda, cedo se descobriu (desde 1961) qual o efeito tremendo à escala mundial que se podia obter em prestígio quando essa carga era humana e o voo tripulado (embora, ao princípio, o tripulante tripulasse muito pouco).
E, quanto às naves tripuladas, havia as configurações adoptadas por soviéticos que se podem ver acima, por ordem de antiguidade, recreadas em kit e identificadas como se tratasse das horas de um relógio: Vostok (às 11H), Voskhod (às 9H) e Soyuz (às 4H). Estas diferiam substancialmente em concepção e desenho ao das suas congéneres contemporâneas norte-americanas (em baixo, em desenho e também por ordem de antiguidade, já identificadas: Mercury, Gemini e Apollo).
O enredo da história é relativamente conhecido, porque tem um final feliz para os norte-americanos que adoram os happy end: o presidente Kennedy estabeleceu uma meta – pousar um homem na Lua até ao final da década de 60 – os soviéticos aceitaram tacitamente o desafio, que os norte-americanos venceram sem contestação em 20 de Julho de 1969.
A esta distância no tempo pode perceber-se facilmente quanto houve de pueril no descomunal sacrifício de recursos das duas superpotências na disputa de um objectivo que se revelou ser apenas de prestígio. As viagens à Lua não apresentaram nem um retorno económico, nem sequer em conhecimentos científicos que justificasse racionalmente o investimento feito para ali chegar. A prova mais clara desse enorme desperdício estará na observação que nos 34 anos que se seguiram à última estadia na Lua originalmente programada, mais ninguém lá voltou…
Mas a época áurea desta disputa parece ter terminado bem e mesmo com uma espécie de celebração, através de um voo conjunto Apollo-Soyuz em Julho de 1975 (ver poste imediatamente abaixo), bem enquadrado no espírito de coexistência pacífica que se pretendia para as assinaturas da Conferência de Helsínquia no mês seguinte.
Os foguetões que colocaram os primeiros tripulantes em órbita terrestre, como o R-7 soviético (acima) ou o Titan II norte-americano (em baixo), foram concebidos originalmente como mísseis balísticos com um alcance de dez a quinze mil quilómetros – portanto capazes de atingir o território inimigo – transportando pesadas cargas nucleares.
Como curiosidade, repare-se, observando as duas fotografias, como difere a solução encontrada pelos dois lados para que o veículo fosse perdendo em voo o peso desnecessário dos depósitos de combustível já utilizados: enquanto nos norte-americanos eles estão dispostos em andares, nos soviéticos eles estão dispostos em feixe, à volta do corpo central. Na fase final do seu voo, os foguetões dos primeiros estariam mais pequeninos, enquanto os dos segundos seriam mais magrinhos.
O que é importante para esta história é que, alterando-se o tipo de carga do veículo e a sua trajectória se podia empregá-los para colocar cargas em órbita. E, para efeitos de propaganda, cedo se descobriu (desde 1961) qual o efeito tremendo à escala mundial que se podia obter em prestígio quando essa carga era humana e o voo tripulado (embora, ao princípio, o tripulante tripulasse muito pouco).
E, quanto às naves tripuladas, havia as configurações adoptadas por soviéticos que se podem ver acima, por ordem de antiguidade, recreadas em kit e identificadas como se tratasse das horas de um relógio: Vostok (às 11H), Voskhod (às 9H) e Soyuz (às 4H). Estas diferiam substancialmente em concepção e desenho ao das suas congéneres contemporâneas norte-americanas (em baixo, em desenho e também por ordem de antiguidade, já identificadas: Mercury, Gemini e Apollo).
O enredo da história é relativamente conhecido, porque tem um final feliz para os norte-americanos que adoram os happy end: o presidente Kennedy estabeleceu uma meta – pousar um homem na Lua até ao final da década de 60 – os soviéticos aceitaram tacitamente o desafio, que os norte-americanos venceram sem contestação em 20 de Julho de 1969.
A esta distância no tempo pode perceber-se facilmente quanto houve de pueril no descomunal sacrifício de recursos das duas superpotências na disputa de um objectivo que se revelou ser apenas de prestígio. As viagens à Lua não apresentaram nem um retorno económico, nem sequer em conhecimentos científicos que justificasse racionalmente o investimento feito para ali chegar. A prova mais clara desse enorme desperdício estará na observação que nos 34 anos que se seguiram à última estadia na Lua originalmente programada, mais ninguém lá voltou…
Mas a época áurea desta disputa parece ter terminado bem e mesmo com uma espécie de celebração, através de um voo conjunto Apollo-Soyuz em Julho de 1975 (ver poste imediatamente abaixo), bem enquadrado no espírito de coexistência pacífica que se pretendia para as assinaturas da Conferência de Helsínquia no mês seguinte.
Se bem me recordo, esta administraçõa americana reeditou a ida à lua, tendo inclusivamente estabelecido um objectivo temporal para a formação de uma plataforma lunar.
ResponderEliminarSofia, se bem compreendi esses programas, o grande problema deles é o financiamento.
ResponderEliminarO anúncio é feito hoje para que os resultados apareçam na década de 2020-30, mas o maior esforço financeiro - enorme! - acontecerá na década de 2010-20. O resto será fácil de adivinhar e já se passou anteriormente.
Em suma, o mais "barato" e também politicamente mais rentável é anunciar metas planetárias para daí a 25 anos.
Isto não invalida que o retorno à Lua possa ser mesmo levado para diante. Basta a China mostrar a mesma intenção...