Este filme de 1979 acaba por poder vir a ser visto como uma interessante curiosidade histórica, de uma outra época, e esse interesse resulta não apenas do facto dos actores usarem as calças à boca-de-sino e uma certa exuberância capilar tão em voga na segunda metade dos anos 70. O filme conta uma história que pode ser considerada o reflexo da sociedade de uma superpotência preocupada, de postura modesta e ainda combalida dos episódios de Watergate e do Vietname.
É a história de uma equipa de repórteres de TV (Jane Fonda e Michael Douglas) que presenciam um incidente grave quando realizavam uma reportagem no interior de uma central nuclear e do esforço posterior da administração desta de ocultar a gravidade do incidente perante a comunicação social e a opinião pública. Enfim, um enredo que é uma espécie de uma repetição decalcada do caso Watergate, só que com um descarado cariz ecológico.
Numa época como a actual, em que a Administração norte-americana se tornou reconhecidamente famosa por não ter aderido aos Protocolos de Quioto, e onde uma organização mundial do sector como a Greenpeace se tem esquecido repetidamente de montar operações mediáticas de demonstrações de ameaças ao ambiente em território norte-americano e envolvendo interesses dessa mesma nacionalidade, é saudável recordar como as coisas já foram diferentes.
Era uma época em que as grandes preocupações com o nosso planeta incidiam noutras facetas, como a utilização da energia nuclear e o perigo do crescimento exponencial da população. Actualmente, a população mundial continua a crescer (embora se tivesse desacelerado o ritmo de crescimento) e é muito superior à que era naquela época e já se fala em recuperar a utilização da energia nuclear em centrais de nova geração, dado os custos crescentes do petróleo.
Mas a percepção de quais são os problemas actuais que afectam o planeta mudaram: o aquecimento global e a mudança do clima é um deles, a possibilidade de uma mega catástrofe provocada pela colisão de um asteróide do espaço será uma outra causa de preocupação. Todos eles, os de agora e os de outrora, têm o seu lado sério, mas a forma como elegemos os problemas que se tornam nos medos que nos assombram também se torna num marco identificativo de cada geração.
Contudo há algo que parece sempre permanecer: a superficialidade científica com que os assuntos são geralmente abordados pelos média. O título do filme (O Síndroma da China), aliás uma expressão correntemente repetida, é a forma bombástica de referir a consequência da fusão de um núcleo de um reactor nuclear quando não refrigerado que, pela sua temperatura extrema (o urânio funde a 1132º C…), seria impossível de conter e devido ao efeito da gravidade faria um buraco no chão em direcção ao centro da terra…
O imaginativo que se lembrou de fazer reaparecer o núcleo fundido na China (daí a localização do síndroma…), para além de mostrar um terrível desconhecimento da geologia interna da terra que o núcleo teria de atravessar (onde as condições de pressão em temperatura são muito superiores às registadas no núcleo fundido...), esqueceu-se do pormenor que também há gravidade na China, o que impediria o núcleo de aparecer à superfície… Enfim, um verdadeiro caso do que os italianos designam por si no è vero è bene trovato...*
É a história de uma equipa de repórteres de TV (Jane Fonda e Michael Douglas) que presenciam um incidente grave quando realizavam uma reportagem no interior de uma central nuclear e do esforço posterior da administração desta de ocultar a gravidade do incidente perante a comunicação social e a opinião pública. Enfim, um enredo que é uma espécie de uma repetição decalcada do caso Watergate, só que com um descarado cariz ecológico.
Numa época como a actual, em que a Administração norte-americana se tornou reconhecidamente famosa por não ter aderido aos Protocolos de Quioto, e onde uma organização mundial do sector como a Greenpeace se tem esquecido repetidamente de montar operações mediáticas de demonstrações de ameaças ao ambiente em território norte-americano e envolvendo interesses dessa mesma nacionalidade, é saudável recordar como as coisas já foram diferentes.
Era uma época em que as grandes preocupações com o nosso planeta incidiam noutras facetas, como a utilização da energia nuclear e o perigo do crescimento exponencial da população. Actualmente, a população mundial continua a crescer (embora se tivesse desacelerado o ritmo de crescimento) e é muito superior à que era naquela época e já se fala em recuperar a utilização da energia nuclear em centrais de nova geração, dado os custos crescentes do petróleo.
Mas a percepção de quais são os problemas actuais que afectam o planeta mudaram: o aquecimento global e a mudança do clima é um deles, a possibilidade de uma mega catástrofe provocada pela colisão de um asteróide do espaço será uma outra causa de preocupação. Todos eles, os de agora e os de outrora, têm o seu lado sério, mas a forma como elegemos os problemas que se tornam nos medos que nos assombram também se torna num marco identificativo de cada geração.
Contudo há algo que parece sempre permanecer: a superficialidade científica com que os assuntos são geralmente abordados pelos média. O título do filme (O Síndroma da China), aliás uma expressão correntemente repetida, é a forma bombástica de referir a consequência da fusão de um núcleo de um reactor nuclear quando não refrigerado que, pela sua temperatura extrema (o urânio funde a 1132º C…), seria impossível de conter e devido ao efeito da gravidade faria um buraco no chão em direcção ao centro da terra…
O imaginativo que se lembrou de fazer reaparecer o núcleo fundido na China (daí a localização do síndroma…), para além de mostrar um terrível desconhecimento da geologia interna da terra que o núcleo teria de atravessar (onde as condições de pressão em temperatura são muito superiores às registadas no núcleo fundido...), esqueceu-se do pormenor que também há gravidade na China, o que impediria o núcleo de aparecer à superfície… Enfim, um verdadeiro caso do que os italianos designam por si no è vero è bene trovato...*
* Se não é verdadeiro, foi bem pensado…
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