Circunstâncias acessórias para a narrativa fizeram com que um dia, andava eu na faculdade, tivesse assistido a um documentário cobrindo uma tertúlia (julgo que as chamavam assim) do padre Josémaria Escrivá de Balaguer (agora Santo). Preconceitos aparte, foi engraçado e instrutivo seguir os seus diálogos com a assistência, tarefa facilitada porque, embora em castelhano e não traduzido, se tratava de um dos castelhanos sul-americanos, bastante mais fáceis de entender.
Embora tivesse ficado um pouco perplexo com o tipo de problemas colocados (um deles, recordo-me, envolvia o papel benfazejo do anjo da guarda…) era evidente o dinamismo cativante de comunicador nato do fundador da Opus Dei. Aliás, torna-se agora muito fácil ver para quem tenha internet como seriam essas intervenções públicas de monsenhor Escrivá diante de uma audiência, porque alguns trechos estão agora disponíveis através do You Tube.
Mas a minha grande surpresa estava reservada para o fim da tertúlia, quando monsenhor Escrivá a terminou pedindo a bênção de Deus para os distintos governantes daquele país. O país em questão era o Chile, estava-se em 1974 (era a data do documentário) e os governantes em questão pertenciam à junta encimada por Augusto Pinochet. Embora a Opus Dei se assuma como uma organização politicamente neutra, não haja dúvidas que considero aquele gesto do seu fundador politicamente muito significativo e nada neutro.
Note-se que o facto de não estarmos habituados a equacionar as opções políticas de Santos (devido à maioria deles ser tão antiga que nem se concebe o problema) não invalida que haja quem tenha sido canonizado no Século XX pela sua vida e por gestos que contêm um evidente significado político: a canonização do padre polaco Maximiliano Kolbe em 1982, que se ofereceu para morrer em lugar de um seu companheiro numa prisão nazi em 1941 teve a sua dimensão espiritual e a sua dimensão política.
Na sua existência terrestre, os Santos podem ter gostado de música ou literatura ou futebol, torcido pelo seu clube e feito as suas opções políticas. Aquele pedido de monsenhor Escrivá feito naquele dia em Santiago do Chile teve o significado político que teve, conscientemente feito pelo seu autor e passível de ser apreciado por terceiros. Eu não concordo de todo com ele, mas respeito-o. Note-se que isso não o isenta que o critique pela opinião que ali expressou e note-se que esse mesmo respeito não é um sentimento que seja extensível aos seus discípulos que, tentando preservar ficções, procuram hoje esconder ou contornar aquele aspecto particular da vida daquele Santo.
Embora tivesse ficado um pouco perplexo com o tipo de problemas colocados (um deles, recordo-me, envolvia o papel benfazejo do anjo da guarda…) era evidente o dinamismo cativante de comunicador nato do fundador da Opus Dei. Aliás, torna-se agora muito fácil ver para quem tenha internet como seriam essas intervenções públicas de monsenhor Escrivá diante de uma audiência, porque alguns trechos estão agora disponíveis através do You Tube.
Mas a minha grande surpresa estava reservada para o fim da tertúlia, quando monsenhor Escrivá a terminou pedindo a bênção de Deus para os distintos governantes daquele país. O país em questão era o Chile, estava-se em 1974 (era a data do documentário) e os governantes em questão pertenciam à junta encimada por Augusto Pinochet. Embora a Opus Dei se assuma como uma organização politicamente neutra, não haja dúvidas que considero aquele gesto do seu fundador politicamente muito significativo e nada neutro.
Note-se que o facto de não estarmos habituados a equacionar as opções políticas de Santos (devido à maioria deles ser tão antiga que nem se concebe o problema) não invalida que haja quem tenha sido canonizado no Século XX pela sua vida e por gestos que contêm um evidente significado político: a canonização do padre polaco Maximiliano Kolbe em 1982, que se ofereceu para morrer em lugar de um seu companheiro numa prisão nazi em 1941 teve a sua dimensão espiritual e a sua dimensão política.
Na sua existência terrestre, os Santos podem ter gostado de música ou literatura ou futebol, torcido pelo seu clube e feito as suas opções políticas. Aquele pedido de monsenhor Escrivá feito naquele dia em Santiago do Chile teve o significado político que teve, conscientemente feito pelo seu autor e passível de ser apreciado por terceiros. Eu não concordo de todo com ele, mas respeito-o. Note-se que isso não o isenta que o critique pela opinião que ali expressou e note-se que esse mesmo respeito não é um sentimento que seja extensível aos seus discípulos que, tentando preservar ficções, procuram hoje esconder ou contornar aquele aspecto particular da vida daquele Santo.
Se mandasse (na Opus Dei!) mandava substituir a página da Enciclopédia...
ResponderEliminarNão seria uma ideia muito “Béria”!
Opus Dei, poder político e alta finança são cartas do mesmo baralho.
ResponderEliminarVeja-se que o presidente do BCP, Paulo Teixeira Pinto, é da Opus Dei.
Depois, há Santos e Santos.
Há o AC Santos da Mercedes não é carreta de pobres.
E voto de pobreza nem todos os Santos o fizeram.
Não é propriamente um antro de pedintes a família Espírito Santo.
Apesar disso, e no que me toca, só dou por bem empregue o que para copos dei...