Apesar da expressão posta a circular pela Lusa, o «mandato» de Isabel Camarinha como secretária-geral da CGTP pouco teve de «atípico» quando a comparamos com os seus antecessores Arménio Carlos e Manuel Carvalho da Silva. O alinhamento da central sindical com a agenda e a acção política do PCP continuou a ser o que sempre fora. A única diferença terá sido a duração. Depois dos 26 anos(!) de Manuel Carvalho da Silva e dos 8 anos de Arménio Carlos, os 4 anos de Isabel Camarinha pareceram um instantinho. E não costuma ser assim nas organizações comunistas, mesmo se, ou apesar de, eles quererem continuar a fingir que «a CGTP não é uma estrutura ligada ao PCP». Tomemos a aldrabice por verdadeira e digamos então que o PCP inspira profundamente a CGTP em mais do que um aspecto, como se constata pela queixa, feita ainda a semana passada pela «Corrente Sindical Socialista» da «falta de pluralidade» da CGTP e do «apelo ao voto no... PCP».
Os dirigentes sindicais comunistas costumam ser nomeados para durar e, quando há regras que limitam essa duração, elas contornam-se, como aconteceu com o veterano vitalício Mário Nogueira do sindicato dos professores, que anunciou em 2019 que se ia embora em 2022, que anunciou em 2022 que ia ficar mais um bocadinho, vamos lá a ver se é desta que ele se vai mesmo embora por causa da regra de limite de idade... Em síntese, apesar do tratamento dialéctico do assunto, fica-nos a impressão que Isabel Camarinha não terá deixado saudades. Analisado pelo lado positivo, é sempre bom constatar que já há paridade de género no sindicalismo, recordo que se dizia que só a existência de uma mulher incompetente a desempenhar um cargo é que seria sinal de que aquela paridade fora alcançada.
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