18 fevereiro 2024

OPERAÇÃO JERICHO

(Republicação)
18 de Fevereiro de 1944. A RAF executa a operação Jericho sobre a prisão de Amiens, no norte da França ocupada. Tratou-se de um bombardeamento de precisão (hoje a propaganda substituiria a expressão pela de bombardeamento cirúrgico), executado por um esquadrão de DH 98 Mosquito, ao estabelecimento prisional de Amiens, onde estavam detidos - passíveis de ser fuzilados, acrescentam as crónicas que retocaram posteriormente a história - centenas de membros da Resistência francesa. E a prisão albergava, importa esclarecer, uma maioria de presos de delito comum. O bombardeamento teve lugar logo pela manhã, uma manhã fria de inverno (na fotografia acima, nota-se a paisagem nevada por detrás da prisão), e, se os desgastes nas infraestruturas prisionais são visíveis nas imagens captadas pelos avião de reconhecimento que acompanhou o raid (assinaladas na foto acima), menos perceptíveis são os resultados em termos de custos humanos para os prisioneiros: dos 717 que a prisão albergava naquele momento, 258 conseguiram fugir pela brecha que se vê no canto inferior direito da imagem; mas isso ao custo de 102 mortos e 74 feridos entre os presos - esquecendo as baixas entre os captores. De entre os 258 foragidos (dos quais apenas 79 estavam presos por razões políticas/feitos de resistência), 182 vieram posteriormente a ser recapturados - mas isso ainda não se sabia. Os britânicos fizeram um documentário de propaganda com as imagens recolhidas por um avião de reconhecimento que acompanhara o raid para passar nos cinemas. Como é tradição britânica, quando se questionam a pertinência e os resultados militares de uma operação, sublima-se e evade-se a questão, assegurando que foi muito boa para a moral.(...) Mas, mesmo depois de terem feito um filme inspirado no que aconteceu e até hoje, questiona-se quem é que, de facto, solicitou a realização daquela operação e, sobretudo, se ela teria sido mesmo necessária.

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