Dois comentários a propósito deste anúncio de hoje do ministério da Saúde, autorizando a «contratação de até 250 médicos enquanto não abre novo concurso». O primeiro comentário prende-se com o facto de que a iniciativa terá, decerto, as suas explicações sobre as capacidades administrativas de um governo em gestão (neste caso, consegue contratar médicos antes de um «novo concurso»), mas registe-se que este anúncio representará um contraste chocante com as repetidíssimas explicações que temos ouvido a responsáveis governamentais, justificando que nada se possa fazer (por exemplo) quanto às reivindicações e protestos dos subsídios dos corpos policiais, porque o governo está em gestão.
Quanto ao segundo comentário, esse destina-se à oportunidade do anúncio propriamente dito de mais esta contratação de médicos, quando o governo ainda não dos deu conta da mesma maneira mediática - será que alguma vez dará? - de quais foram os resultados concretos da última grande vaga de contratações de médicos (991), que ocorreu, recordemos isso, há apenas dois meses. É que, aparentemente, se as 991 vagas abertas em Dezembro passado tiverem sido preenchidas, aquilo que parece é que os quadros de médicos do SNS terão recebido um reforço substantivo. Ou não foi nada disto que aconteceu?... É que este ministério da Saúde é suspeito de ser despropositadamente megalómano na fase da abertura de vagas, como aconteceu ainda no ano passado com as de médico de família, quando abriu 900 num ano em que havia apenas 355 médicos a terminar a especialidade. Aqui entre nós, parece-me que o truque continua a ser o mesmo: atira-se para comunicação social com um número descomunal de vagas para médicos, quando depois a maioria fica por preencher (mas aquela já não liga nenhuma). Causa a impressão que se está a fazer alguma coisa para resolver um problema para o qual não há solução. Nisto, o Pizarro revelou-se muito melhor que a Temido.
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