10 de Fevereiro de 1964. O desertor Yuri Nosenko tinha 36 anos e nascera na nomenklatura soviética. O seu pai fora o Comissário do Povo (ministro) para a Construção Naval da União Soviética entre 1940 e 1956. O seu filho Yuri entrara para os serviços secretos (KGB) em 1953. Quando desapareceu alcançara a patente de tenente-coronel na organização. Na altura da publicação desta notícia já Nosenko se encontrava nos Estados Unidos, numa discreta residência da CIA. A deserção de Yuri Nosenko vem a dar-se num momento pouco apropriado para o desertor: na CIA vive-se uma época de paranóia, depois da revelação que o britânico Kim Philby (que trabalhara intimamente com a agência americana), fora um espião soviético durante 30 anos. As revelações que Yuri Nosenko traz consigo não são consentâneas com aquilo que na CIA se considera que é verdade, a sua credibilidade é posta em causa, e chega a levantar-se a hipótese de Nosenko ser um falso desertor, destinado propositadamente a desinformar os americanos. Os interrogatórios a Nosenko arrastar-se-ão por três anos, período em que ele esteve detido à guarda da CIA. Só o libertarão em 1967, dando-lhe uma indemnização por causa dos anos de prisão e uma nova identidade. Viverá os quarenta anos seguintes, até à sua morte aos 80 anos, como um cidadão americano numa cidade do Sul dos Estados Unidos.
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