25 fevereiro 2024

TIRANDO O FACTO DE NÃO HAVER MARISCO EM SÃO MAMEDE INFESTA, O RESTO É TUDO MUITO PARECIDO

Não se pode dizer que seja uma surpresa que exista uma grande semelhança de estilo e de estrutura entre as biografias de Paulo Raimundo do PCP (há quinze meses) e agora a de Tiago Oliveira da CGTP, ambas foram enviadas para a Lusa que depois as distribuiu pela comunicação social (abaixo, as versões como apareceram no Público). Ao ler as biografias e comparando-as, como diz o ditado popular: afinam pelo mesmo diapasão. Mas nessa comparação, recordo uma das passagens da biografia de Paulo Raimundo que chamou mais a atenção, quando o partido o fez apanhador de marisco. E cito: «Houve momentos em que chegou a trabalhar com a mãe na apanha do marisco, relata o PCP». Tiago Oliveira é de São Mamede Infesta: por lá não há marisco. Mas isso não quer dizer que esta sua biografia esteja fechada. É que a biografia ortodoxa de Paulo Raimundo de há quinze meses, falando por um lado do marisco, esqueceu-se de mencionar o seu momento de estrelato televisivo num concurso intitulado «A Filha da Cornélia», uma aparição - ainda por cima vitoriosa! - num dos episódios do concurso. Temos que concordar que foi um esquecimento imperdoável, por parte da secção de informação e propaganda do PCP, um esquecimento passível de nos mobilizar a fazer a pergunta: ao publicarem esta biografia assim tão soturna do Tiago Oliveira, têm mesmo a certeza que ele também não terá ido ao «Ídolos» ou a um qualquer outro concurso televisivo de talentos?...
Num registo menos sarcástico mas mais objectivamente crítico para com a informação que a Lusa engole sem qualquer escrutínio, repare-se que a notícia começa por dizer que «o novo secretário-geral da CGTP», «foi eleito por maioria», mas em nenhuma das notícias sobre o congresso nos é dada uma ideia da dimensão dessa «maioria»: ela foi disputada (50-60%), robusta (70-90%) ou norte-coreana (+99%)? Mais um outro apontamento crítico: apresentado no título como um «mecânico de pesados» e, logo no início da notícia, como «um homem do terreno», esqueceram-se da ressalva que, tendo Tiago Oliveira passado a «ser sindicalista a tempo inteiro (desde) 2006», há dezoito anos que ele não deve arranjar um camião.

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