26 fevereiro 2024

QUEM ACOMPANHOU OS DEBATES?

No cabeçalho da notícia estava que a «AD com 35% reforça vantagem sobre o PS» e que «Montenegro (é considerado) melhor primeiro-ministro». Mas aquilo que a jornalista Ana Sá Lopes guardou para o fim do artigo é que me interessou mais, nomeadamente os resultados de uma sondagem paralela, feita na mesma altura, quanto ao acompanhamento que os sondados fizeram aos 30 debates montados pelas televisões em pré-campanha. A pergunta foi formulada de forma generosa, dando a possibilidade a quem respondia de os ter acompanhado não directamente, mas depois através das redes sociais. Este é o género de pergunta de que se espera uma resposta enviesada: as pessoas não gostam de dar uma imagem de si que acreditam que os outros considerem negativa; no caso, a intenção do respondente seria minorar a impressão que ele se desinteressa pela política. Não considerando essa distorção, sobre o valor da qual apenas é possível especular, a verdade é que, mesmo sem ela, houve 44% (24 + 20) daqueles que responderam que não viram ou viram somente um ou dois debates (é caso para lhes perguntar: foi 1 ou foram 2?...). Eu poderia rematar o quanto é curioso que esta conclusão não tenha suscitado à autora do artigo nenhuma reflexão em especial e que tenha empurrado o gráfico para o fim do artigo. Mas a verdade é que não penso que seja curioso: considero é que os do meio se recusam pura e simplesmente a ver que, mesmo controlando os conteúdos dos media, eles vivem dissociados de uma apreciável percentagem de pessoas que compõem a sociedade. Organizaram um festival (entre eles!) com os debates e as suas (hipotéticas) consequências para as próximas eleições e, pelo que de depreende acima, (pelo menos) quase metade de nós não lhes passámos cartão nenhum...

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