A mentalidade prevalecente nos finais dos anos 60 e princípios dos 70 era, no que diz respeito às relações com o estrangeiro, de cerco, fruto do isolamento gerado pela política colonial portuguesa (explicada dentro de portas como se se tratasse de um axioma). Na primeira fila dos inimigos consagrados contavam-se os países comunistas que ajudavam materialmente os turras mas, logo de seguida, os países nórdicos estavam no estrato da hostilidade declarada.
Poderá ter sido isso a causar a hostilidade com que foi recebida em alguns meios mais conservadores uma série televisiva juvenil sueca (1971) (Pippi Langstrumpf – Pippi das Meias Altas) onde uma pré-adolescente, vivendo sozinha numa casa, encarnava alguns sonhos de liberdade das crianças da sua idade, longe da interferência dos adultos. Numa sociedade hermeticamente fechada até as histórias para crianças podiam ser subversivas...
Entretanto, fruto da sua difusão e da popularidade crescente que a televisão estava a obter junto dos estratos mais baixos da sociedade, acompanhada também de um clima de uma maior abertura depois da posse de Marcello Caetano à frente do governo em 1968, começava a reconhecer-se que se travava uma guerra, que estava muita gente lá fora no Ultramar, com saudades de regressar e, para os animar, juntamente com aqueles que cá tinham ficado, passavam as ditas mensagens de Natal: Adeus, até ao meu regresso…
Ah... a Pippi das meias altas... Era uma série que definitivamente as nossas mães não apreciavam particularmente... Não te esqueças que havia um cavalo que se passeava pela casa... ;)
ResponderEliminarE também existia um macaquinho...
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